Um tal de Ascenso Simões, dos homens mais conhecidos na rua dele, se não mesmo o mais conhecido, escreveu uma carta a Cavaco Silva. E que diz Ascenso? Ascenso chama a atenção do Presidente para o grave erro in procedendo de não incluir o Zezito na lista dos contemplados com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Mas Ascenso vai mais longe
e informa o Presidente que muitos portugueses começam a questionar-se sobre as
razões para que o Zezito seja excluído da lista de condecorados. Por isso, a
notícia faz capa nos jornais. É, na realidade uma grande injustiça, digo eu—nas ruas não se fala de outra coisa.
Segundo o epistológrafo em apreço, terá sido a "necessidade
de aceitar a implicação exterior em decisões que só ao país deveriam
dizer respeito", quando era Primeiro-Ministro do Reino, que leva Cavaco à "negação
de um gesto simples de condecoração".
Ascenso, embora brilhante, é prolixo e receio que algum
leitor não acompanhe o seu argumentário, lesto como gazela. O que Ascenso quer
dizer mesmo é que o Zezito só nos arruinou a todos—a ele não!—e deixou Portugal
humilhado e às ordens da troika. Apenas isso. E como foi só isso, não há razão
para Cavaco não ter o gesto singelo de lhe pendurar ao pescoço, não a corda que
merecia, mas um penduricalho que poucos portugueses ainda não têm.
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