sexta-feira, 24 de outubro de 2014

MACHETE É UMA TERNURA

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Rui Machete é uma ternura. Ministro dos Negócios Estrangeiros sem negócios para ministrar, mantém-se calado, não vá alguém perceber que não tem serventia. Mas, volta não volta, sente necessidade de fazer prova de vida e diz. E que diz Machete? Por norma, bacoquices.
Machete é da minha idade e, como expectável, está um bocado gasto. A necessidade de participar nos 2.784.567 órgãos sociais de igual número de empresas deixou-o qual corredor em fim de maratona—com a língua de fora. Quando abre a boca, que não seja para exteriorizar a dita língua, ou providenciar o sustento vital, sai asneira. Mas, reconheçamos que Machete, pelo menos uma vez por semestre, tem de dizer qualquer coisa. E cumpre disciplinada e regularmente tal mister, honra lhe seja feita. O problema é o débito—não dívida, mas fluxo.
O fluxo verbal de Machete é quantitativamente moderado. Está correcto. Machete é parco. Escolhe as palavras. O desacerto de Machete reside no tema. Tanto quanto sei, Machete é assíduo no Conselhos de Ministros, onde está atento e tira notas para uso futuro. Diz-se que Machete não percebe  tudo que ouve em tais reuniões. Não sei se é verdade mas, quando se aproxima o dia de fazer prova de vida, consulta os apontamentos, escolhe um tema e não fala—eructa.
Na realidade, o que Machete eructa é irrelevante do ponto de vista nacional e internacional. O problema é que a imagem clássica do chefe da diplomacia não é de alguém que eructa em público. E Machete fá-lo. Não é muito grave, mas dá mau aspecto. Ninguém está a ver um ministro que se senta na maior cadeira do Palácio das Necessidades a eructar audivelmente. Para evitar essa cangalhada de remodelações, acho que o Governo devia providenciar um silenciador para os alívios de Machete. Não se crie uma crise por isso.
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