Isaac Asimov foi um
bioquímico e escritor americano, nascido na Rússia. Por razões que não
interessam agora, em 1959 escreveu um curto ensaio sobre a criatividade e
como nascem novas ideias. Segundo Asimov, tal pode ser estudado a partir da
história de várias descobertas e, para tal, serve-se do exemplo de Charles Darwin e Alfred
Wallace que chegaram à Teoria da Evolução das Espécies quase simultaneamente,
mas em separado.
Tanto um como o outro tinham viajado muito e observado,
com surpresa, a grande variedade de espécies biológicas através do mundo. Ambos
tinham ficado impressionados com a teoria de Malthus, exposta no "Ensaio
Sobre a População". E qualquer
deles percebeu como o problema da sobrepopulação eliminava os menos aptos. Daí
à teoria de selecção natural era um passo de caracol.
Era? Talvez não! Agora parece, mas não era; e é aí que
entra a criatividade. Há o ponto 1 e o ponto 2 perfeitamente claros. Mas relacionar
o 1 com o 2 não é fácil. Não se pode dizer que seja difícil, mas implica vencer
barreiras. As barreiras que a teoria de Darwin e de Wallace encontraram na
sociedade da época começaram por existir na cabeça deles, inconscientemente. E
existem na cabeça de toda a gente. Thomas Huxley, depois de ler o livro de Darwin, terá exclamado: Como é que não me lembrei disto antes?! Em discurso coloquial chama-se a isso ter a cabeça-feita.
De uma maneira genérica, todos vemos as mesmas coisas,
estudamos as mesmas coisas, pensamos as mesmas coisas e uns são criativos a
partir desses dados—escrevem, compõem, pintam, esculpem—e outros não. Criar é
vencer barreiras. É claro que tal generalização tem limites. Mas, como em toda
a actividade intelectual, é preciso ir do geral para o particular e a afirmação feita é o GERAL (com maiúsculas).
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