Ouve-se por aí que devemos a Mário Soares o facto de Portugal não se ter transformado numa Cuba europeia a seguir ao 25 de Abril. Aos que assim pensam digo que se não fosse Mário Soares com a sua proverbial falta de senso—já era assim antes de estar senil—os comunistas nunca teriam chegado onde chegaram.
Depois vieram os acontecimentos no Estádio 1º de
Maio, sentiu-se humilhado na sua fenomenal vaidade e começou a cruzada contra
os comunistas que ele colocou no poder.
Rui Mateus, na página 53 do livro que desapareceu de
supetão—por um passe de mágica—conta como foi:
[...] Ora, dados os
sentimentos anticomunistas do general Spínola, dada a sua amplamente
demonstrada ignorância política e o facto de se saber que Mário Soares teria
dito ao general que se Cunhal não entrasse ele também não entrava para o
Governo, parece evidente que a decisão foi influenciada decisivamente pelos
socialistas. Aliás, Soares diria a Dominique Pouchin de forma peremptória que
Spínola não era então favorável «à presença dos comunistas no governo».
Também me parece duvidoso, e nenhum registo existe que o confirme, que tenha
sido o próprio secretário-geral do PCP a reivindicar tal lugar! O que implica que
estando à partida excluída a hipótese de terem sido os comunistas a insistir na
sua participação—e não devemos esquecer que o PCP em Abril de 1974 ficaria
satisfeito com a sua mera legalização—estamos perante a probabilidade de ter
sido o próprio Mário Soares, na sua primeira entrevista com Spínola, graças ao
apoio de Raul Rego, quem lançou Cunhal para o I Governo, a fim de ele próprio se
tornar indispensável na pasta dos Negócios Estrangeiros!
0 ex-embaixador de
Portugal em Washington, João Hall Themido, confirma que Mário Soares «não
inspirava confiança»3 ao general Spínola, que terá simplesmente comentado
que Soares não era «um génio» mas daria «um ministro aceitável». [...]
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