sábado, 24 de junho de 2017

"DEEPTIME" FUTURO ? JAMÉ !

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Earth is a machine ceaselessly repeating a cycle of erosion, deposition, and uplift.

James Hutton
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O Universo terá começado há perto de 14 mil milhões de anos, com o Big-Bang. O planeta Terra  "nasceu" há 4,5 mil milhões de anos, mais coisa, menos coisa. A vida não demorou muito a aparecer, logo que as condições ambientais se tornaram favoráveis, talvez há cerca de 3,8 mil milhões. É tudo muito antigo!
As moléculas de que somos formados agora — cada um de nós, incluindo o incauto leitor desta prosa — já passaram por número incontável de seres, animados e inanimados, possivelmente a orelha de algum dinossauro, um meteorito, uma lagartixa, um tomate, um grão da areia do Guincho, uma gota de água do Oceano Índico, o rabo de um leão! Quem sabe? A Natureza "trabalha" maioritariamente com as mesmas moléculas há muitos séculos e nenhum de nós tem moléculas privativas: usamos as mesmas que a pedra da calçada, o eucalipto, ou o burro (alguns abusam destas). Em suma, biologicamente, somos um arranjo provisório e instável de "tijolos" naturais que "respondem" por "molécula".
Os anglo-saxónicos chamam ao tempo que ficou para trás, desde os primórdios do Universo, deeptime, neologismo que significa pouco em português. Tempo fundo, ou profundo, não nos diz muito; isto é, não diz o termo, embora a ideia sim. Conceitos como o de 4,5 mil milhões de anos, ou 3,8 mil milhões, é coisa para cair de cauda. Curiosamente, a expressão deeptime, para anglo-saxónicos inclusive, é usada para o passado. E o futuro? Não há deeptime futuro? Talvez haja — TALVEZ!!! Mas...
Porquê este TALVEZ maiúsculo, itálico e com 3 pontos de exclamação? Porque o futuro a Deus pertence, diz-se, significando isso saber-se nicles batatóides sobre ele. De seguro, sabe-se, ou julga saber-se, que daqui a 4 mil milhões de anos a dilatação do Sol vai fazer ferver a água na Terra e não vale a pena entrar em mais pormenores dantescos sobre o antes e depois disso. Adicionalmente, falar do Homo erectus, por exemplo, e da triunfal caminhada posterior até maravilhas como o Professor Marcelo "Esteves", ou o inefável Jerónimo de Sousa, é actividade psicologicamente remuneradora; mas falar de António Costa, ou Passos Coelho, assados na brasa faz pesadelos à noite e é melhor esquecer.
Felizmente, é da natureza humana ter uma atitude irracional quanto ao futuro, muito bem caracterizada por uma expressão que aprendi na tropa qual é a de "descontração e estupidez natural".
Em relação ao futuro do Universo, o Homo sapiens assume a posição de "descontração e estupidez natural"; e muito bem. Em 1900, Lorde Kelvin, um dos mais famosos físicos da História, já perto do fim, dizia que a investigação no seu campo estava praticamente acabada — via apenas uma ou outra área para esclarecer. Poucos anos passados, Einstein, com a Teoria da Relatividade, revolucionava toda a Física, deixando muitas das teorias de Kelvin na prateleira.
O futuro é uma espiga, mais nada. Não é coisa para nele investir ideias e figuras poéticas, como deeptime, cuja gestação custa muito "fósforo" e verve. Qual deeptime, qual carapuça? A bem dizer, futuro é uma grande porra, com vossa licença; mais nada. Deeptime? Era o que faltava...

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