quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

STRANGER ORIGINATED LIFE INSURANCE - STOLI

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O seguro de vida não é necessariamente um contrato para beneficiar familiares em caso de morte do segurado, ou mesmo pessoas conhecidas, próximas ou não. Na América – não sei se noutros países – pode ser bom negócio. É o que acontece com os chamados STOLI (Stranger originated life insurance), em que os potenciais beneficiados são estranhos desconhecidos.

O mecanismo, simplificadamente, é assim: o cidadão faz o seguro de vida, generoso no caso de morte, e caro; muito caro. Depois vende esse seguro a investidores desconhecidos, normalmente através de empresas especializadas na trapalhada, e passa a receber muito mais do que paga – o excesso pode atingir somas redondinhas. Quando morre, os investidores desconhecidos, recebem o seguro proporcionalmente ao que investiram. A margem de lucro do investimento pode atingir 10 a 14% por ano, tudo dependendo da sobrevivência do segurado. Esta é estimada pela empresa intermediária, na base das informações médicas, e não só, fornecidas pela seguradora.

Se o segurado morre rapidamente, o lucro pode ser fabuloso. Se é daqueles que nunca mais morre, o pagamento dos prémios arrasta-se até à eternidade e o investimento é fiasco. Quanto menor é a esperança de vida no momento de investir, mais caro fica, naturalmente. Assim, as empresas intermediárias procuram reduzir o horizonte de vida esperado para sacar mais aos investidores: sinistro!

No Verão de 2005, a empresa Life Partners Holdings Inc. vendeu o seguro de Marvin Aslett, rancheiro de 79 anos no Idaho (em cima ao centro), com a perspectiva de que ele viveria mais dois anos. Estamos em 2010 e Mr. Aslett continua vivo com 84 anos, corre diariamente na passadeira, levanta pesos, racha lenha e diz estar tão saudável como um cavalo. Investir no seguro de 2 milhões de dólares do senhor tinha sido um muito bom, caso ele tivesse tido uma pataleta a tempo. Sem pataleta é a ruína: os seus antepassados próximos morreram na casa dos 90!

Jacqueline Keller, de Colorado Springs, ainda está a pagar os prémios de dois seguros feitos por doentes com SIDA, em 1996. Catorze anos depois, continua a pagar e sente-se depenada pois tinham-lhe dito que a morte deles era coisa para poucos meses.

Esta matéria dava para fazer considerações até amanhã à noite, mesmo para escrever um livro maior que a Bíblia. Não vale a pena porque cada um tira as conclusões que achar oportunas. Chamo a atenção para dois factos:

1. O esquema faz com que a morte de uma pessoa resulte em imensa alegria de muitas;

2. Além disso, torna a morte de alguém grandemente desejada.

Que dizer? - É o império do capital, prontes.
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(O janota da esquerda é Brian Pardo, Presidente da Life Partners)
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