sexta-feira, 9 de novembro de 2012

OUTRA FORÇA DE BLOQUEIO

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Quando temos necessidade de mover um objecto que esteve muito tempo imóvel no chão, numa prateleira, numa mesa, por vezes temos a sensação que é mais difícil arrastá-lo do que quando é movido diariamente. É impressão minha, pensamos. Mas não é—a força do atrito entre dois corpos aumenta se eles estiverem muito tempo em contacto.
Há razões físicas para o explicar. Desde logo, porque não há superfícies absolutamente lisas, como por exemplo parece o vidro. Microscopicamente há grandes irregularidades na sua superfície, pelo que a área real de contacto entre dois vidros é menor que a área total. Quando estão muito tempo em contacto, a pressão que os une, seja grande ou pequena, vai esbatendo as partes mais salientes que mantêm o contacto e a área deste aumenta, do que resulta acréscimo de atrito entre essas superfícies. Por outro lado, pode haver deformação das superfícies em contacto, como acontece com um objecto pesado em cima duma plataforma mole, cujas consequências são evidentes. Também o vapor de água que se infiltra entre os dois corpos em contacto pode condensar em água no estado líquido que agrega partículas de pó e funciona como um cimento.
Mas há uma outra razão, esta de natureza química, para o fenómeno que é a interacção molecular entre as superfícies. Investigadores da Universidade de Wisconsin, EU, comprovaram que a sílica dum vidro pode participar em reacções com moléculas de outro vidro, estabelecendo "pontes" moleculares entre uma superfície e a outra.
Chegados aqui, perguntar-se-á para que serve esta chachada. Curiosamente, é importantíssima. A boa compreensão do atrito é fundamental para perceber o comportamento das placas tectónicas e a ocorrência dos sismos. É importante na manufactura de chips de sílica para a electrónica. E está na base da avaliação da estabilidade de edifícios históricos.
Quem diria?
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