Há razões físicas para o explicar. Desde logo, porque não
há superfícies absolutamente lisas, como por exemplo parece o vidro.
Microscopicamente há grandes irregularidades na sua superfície, pelo que a área
real de contacto entre dois vidros é menor que a área total. Quando estão muito
tempo em contacto, a pressão que os une, seja grande ou pequena, vai esbatendo
as partes mais salientes que mantêm o contacto e a área deste aumenta, do que
resulta acréscimo de atrito entre essas superfícies. Por outro lado, pode haver
deformação das superfícies em contacto, como acontece com um objecto pesado em
cima duma plataforma mole, cujas consequências são evidentes. Também o vapor de
água que se infiltra entre os dois corpos em contacto pode condensar em água no
estado líquido que agrega partículas de pó e funciona como um cimento.
Mas há uma outra razão, esta de natureza química, para o
fenómeno que é a interacção molecular entre as superfícies. Investigadores da
Universidade de Wisconsin, EU, comprovaram que a sílica dum vidro pode
participar em reacções com moléculas de outro vidro, estabelecendo "pontes"
moleculares entre uma superfície e a outra.
Chegados aqui, perguntar-se-á para que serve esta
chachada. Curiosamente, é importantíssima. A boa compreensão do atrito é
fundamental para perceber o comportamento das placas tectónicas e a ocorrência
dos sismos. É importante na manufactura de chips de sílica para a electrónica.
E está na base da avaliação da estabilidade de edifícios históricos.
Quem diria?
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