Há alguns meses, escrevi nesta coluna que vivemos tanto
tempo acima das nossas possibilidades que vamos agora ter de viver muito tempo abaixo
das nossas necessidades. Isto parece-me axiomático, a mim e a muita gente que
tem analisado os nossos problemas e a sua desgraçada evolução nos últimos 17
anos. [...]
[...] O que não é
natural é que todos os dias se tenha de ouvir pelos megafones do PS uma
retórica tão estafada quanto interminável contrapondo aos abomináveis malefícios
perpetrados pelo Governo os carinhosos benefícios das propostas socialistas.
Quais são as vias
salvadoras avançadas pelo maior partido da oposição? Não parece que haja por
ali ideias assentes a tal respeito. Dizer-se que o caminho é muito estreito mas
é possível é o mesmo que reconhecer que não se tem propriamente mais nada a
dizer. [...]
[...] Fala-se muito
em renegociar prazos de pagamento e juros. É um lugar-comum e toda a gente sabe
que seria óptimo se tais desideratos se conseguissem. Seria estulto pensar-se
que não foi tentado, quer pelo próprio PS na altura da negociação, não tendo
conseguido melhor, quer pelo Governo que se lhe seguiu nos vários encontros que
teve posteriormente.
Mas, se os credores
disserem que não, o PS não diz o que se deveria fazer. [...]
Os trechos citados são do artigo de Vasco Graça Moura hoje
publicado no DN que recomendo. Não está, nem pode estar, em causa a necessidade
de diminuir a despesa e aumentar a receita do Estado. Haverá maneiras
diferentes e mais inspiradas de o fazer e nisso o Governo precisa de emendar a
mão. O desejável seria que o PS, por cuja mão nos vimos metidos neste drama,
desse um contributo palpável, em vez de debitar demagogia diária sob a forma
de generalidades com sabor a Jerónimo, a
Arménio, ou a Louçã. Convenhamos que era de esperar um pouco mais de sentido de
responsabilidade e crítica menos rasteira depois de ter levado a Pátria à
glória.
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