domingo, 19 de outubro de 2014

SEM CASA PARA MORAR

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Sabia que há um estado, dito desterritorializado, apenas com população? É o Estado dos Cavaleiros de Malta (não confundir com o Estado de Malta), antiga ordem católica, com 900 anos de existência. É reconhecido pelas Nações Unidas, onde tem assento, embora sem direito a voto. Falo nisto porque se aproximam tempos em que haverá mais Estados sem território—alguns países insulares cuja terra vai ser engolida pelo mar, não sem antes se tornarem inabitáveis pela acção da água salgada. Por exemplo, Kiribati e Tuvalu, na Polinésia, as Ilhas Malvinas e mais alguns.
Em relação a tais países, levanta-se outra dificuldade. Mesmo que consigam arranjar território noutro local, não podem perder direito às zonas económicas exclusivas actuais, habitualmente muito grandes porque são constituídos por grupos de ilhas, cada uma com zonas económicas de 200 milhas de largura, de que dependem economicamente de forma quase exclusiva, seja porque têm petróleo, seja pelos recursos piscatórios.
Mas o maior problema tem a ver com encontrar novo território. Alguns dos países referidos já tentaram negociar com a Austrália e a Nova Zelândia, sem sucesso—uma e outra não vendem. Eventualmente, a solução passará pela absorção dos povos, com partilha dos referidos recursos marítimos e, nesse caso, a nação de acolhimento leva a parte de leão, está mesmo a ver-se. É chato ter povo, ter nação, ter recursos económicos, ter bandeira, ter hino, ter governo e mais um par de botas, e não ter sítio para pôr uma cama, uma mesa e um penico.
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