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No dia 6 de Junho do Anno
Domini 1975, Álvaro Barreirinhas Cunhal, Secretário-Geral do PCP, deu uma
entrevista à jornalista italiana Oriana Fallaci de que 99,9% dos portugueses já
não se lembram, ou nem sequer conhecem o fenómeno, porque dum fenómeno se
trata.
Em 30 de Novembro deste ano, o semanário "Expresso"
publicou-a na série Grandes Entevistas da
História e João Carlos Espada fala hoje dela, no "Público", iniciativa
louvável a que devemos dar o maior relevo e publicidade, para boa informação de
todos.
Destaco o seguinte
trecho do artigo de Espada:
[...] (Cunhal-1975) Hoje não existem bancos privados em Portugal, todos os sectores
fundamentais estão nacionalizados, a reforma agrária está prestes a
realizar-se, o capitalismo foi destruído, os monopólios estão em vias de ser
destruídos e tudo isso é um processo irreversível. (...) Nós não esperamos o resultado das eleições
para mudar as coisas e destruir o passado. O nosso sistema é revolucionário e
nada tem em comum com o vosso” (p. 64).
A entrevistadora, estupefacta, pergunta então “o que diabo entende você pela palavra
democracia?”. É bom que a resposta fique gravada na memória de todos:
(Cunhal-1975) “Não
certamente o que vocês, os pluralistas, entendem. Para mim, democracia significa
liquidar o capitalismo e os monopólios. E ainda lhe digo mais: Portugal já não
tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo das que vocês têm
na Europa ocidental (p. 61). Garanto-lhe que em Portugal não haverá um
parlamento (p. 59). Não queremos uma democracia como a vossa (p. 62). Portugal
não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios. Não será
companheiro de viagem das vossas democracias burguesas. Porque não o
permitiremos. Talvez voltemos a ter um Portugal fascista (ainda que eu não
acredite nisso). Mas seguramente que não teremos um Portugal social-democrata.
Jamais. Deixei isso bem claro?” (pp. 73-74).
Anote-se e medite-se nisto sempre que um papagaio comunista,
desses que falam na televisão e na Assembleia da República (burguesa), fala de democracia.
Quando tal acontece, convém ter à mão a entrevista do Dr. Álvaro Barreirinhas
Cunhal para refrescar a memória e saber do que fala o papagaio.
Deve também recordar-se que foi por pressão de Mário Soares que Álvaro Barreirinhas Cunhal entrou para o Primeiro Governo Provisório, contra a vontade de Palma Carlos (Primeiro-Ministro) e Spínola (Presidente da República)—ganda Marocas, pai da democracia.
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