segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

DO QUE FALAM OS PAPAGAIOS

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No dia 6 de Junho do Anno Domini 1975, Álvaro Barreirinhas Cunhal, Secretário-Geral do PCP, deu uma entrevista à jornalista italiana Oriana Fallaci de que 99,9% dos portugueses já não se lembram, ou nem sequer conhecem o fenómeno, porque dum fenómeno se trata.
Em 30 de Novembro deste ano, o semanário "Expresso" publicou-a na série Grandes Entevistas da História e João Carlos Espada fala hoje dela, no "Público", iniciativa louvável a que devemos dar o maior relevo e publicidade, para boa informação de todos.
Destaco  o seguinte trecho do artigo de Espada:

[...] (Cunhal-1975) Hoje não existem bancos privados em Portugal, todos os sectores fundamentais estão nacionalizados, a reforma agrária está prestes a realizar-se, o capitalismo foi destruído, os monopólios estão em vias de ser destruídos e tudo isso é um processo irreversível. (...) Nós não esperamos o resultado das eleições para mudar as coisas e destruir o passado. O nosso sistema é revolucionário e nada tem em comum com o vosso” (p. 64).

A entrevistadora, estupefacta, pergunta então “o que diabo entende você pela palavra democracia?”. É bom que a resposta fique gravada na memória de todos:

(Cunhal-1975) Não certamente o que vocês, os pluralistas, entendem. Para mim, democracia significa liquidar o capitalismo e os monopólios. E ainda lhe digo mais: Portugal já não tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo das que vocês têm na Europa ocidental (p. 61). Garanto-lhe que em Portugal não haverá um parlamento (p. 59). Não queremos uma democracia como a vossa (p. 62). Portugal não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios. Não será companheiro de viagem das vossas democracias burguesas. Porque não o permitiremos. Talvez voltemos a ter um Portugal fascista (ainda que eu não acredite nisso). Mas seguramente que não teremos um Portugal social-democrata. Jamais. Deixei isso bem claro?” (pp. 73-74).

Anote-se e medite-se nisto sempre que um papagaio comunista, desses que falam na televisão e na Assembleia da República (burguesa), fala de democracia. Quando tal acontece, convém ter à mão a entrevista do Dr. Álvaro Barreirinhas Cunhal para refrescar a memória e saber do que fala o papagaio.
Deve também recordar-se que foi por pressão de Mário Soares que Álvaro Barreirinhas Cunhal entrou para o Primeiro Governo Provisório, contra a vontade de Palma Carlos (Primeiro-Ministro) e Spínola (Presidente da República)ganda Marocas, pai da democracia.
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