Tenho posição moderadamente
céptica em relação às causas do chamado "aquecimento global" e às suas putativas consequências; mas, indiscutivelmente, a combustão de combustíveis
fósseis não é das práticas mais salutares para a biosfera—Homo sapiens incluído—especialmente a do carvão. Na China, por
exemplo, morrem anualmente 250.000 pessoas vítimas da inalação de gases gerados
pela queima das "pedras negras que ardem como lenha", para usar a descrição de Marco Polo.
Os chineses, neste momento os
maiores consumidores de carvão do mundo, com 3,6 mil milhões de toneladas
queimadas por ano—mais que todos os outros países juntos—são as principais
vítimas, se excluirmos hipotéticas consequências indirectas do aquecimento a
nível planetário. Tal consumo tem vindo a crescer nos últimos anos e mais
rapidamente nos mais recentes. É por isso uma surpresa o anúncio agora feito de que a China vai diminuir drasticamente a combustão do carvão e substituí-la
pelas chamadas fontes de energias alternativas e por centrais nucleares. E,
mais surpreendente ainda, o facto de já estar a diminuir mais que o
planeado.
Face a este fenómeno, ocorre
perguntar se a humanidade é tão suicida como parece e se diz. Quando surge uma
denúncia de ameaça, em regra parece ficar tudo na mesma, como se de
surdos se tratasse. Mas em devido tempo começa a mudança, quase sempre
inesperada. O instinto de sobrevivência comanda a vida. Neste caso a razão nem
será o receio do aquecimento do planeta a mudar os planos da China—antes os
problemas sanitários locais; isto é, a natureza se encarrega sempre de arranjar maneira convincente de mostrar ao
homem que está a asneirar e tem de mudar. E, nesse aspecto, mostra-se muito
mais eficaz que milhares de militantes do Greenpeace, que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima),
que Al Gore e outras inefáveis figuras do género. A natureza nos fez, a natureza nos protege.
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