sábado, 6 de dezembro de 2014

MÃE NATUREZA

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Tenho posição moderadamente céptica em relação às causas do chamado "aquecimento global" e às suas putativas consequências; mas, indiscutivelmente, a combustão de combustíveis fósseis não é das práticas mais salutares para a biosfera—Homo sapiens incluído—especialmente a do carvão. Na China, por exemplo, morrem anualmente 250.000 pessoas vítimas da inalação de gases gerados pela queima das "pedras negras que ardem como lenha", para usar a descrição de Marco Polo.
Os chineses, neste momento os maiores consumidores de carvão do mundo, com 3,6 mil milhões de toneladas queimadas por ano—mais que todos os outros países juntos—são as principais vítimas, se excluirmos hipotéticas consequências indirectas do aquecimento a nível planetário. Tal consumo tem vindo a crescer nos últimos anos e mais rapidamente nos mais recentes. É por isso uma surpresa o anúncio agora feito de que a China  vai diminuir drasticamente a combustão do carvão e substituí-la pelas chamadas fontes de energias alternativas e por centrais nucleares. E, mais surpreendente ainda, o facto de já estar a diminuir mais que o planeado.
Face a este fenómeno, ocorre perguntar se a humanidade é tão suicida como parece e se diz. Quando surge uma denúncia de ameaça, em regra parece ficar tudo na mesma, como se de surdos se tratasse. Mas em devido tempo começa a mudança, quase sempre inesperada. O instinto de sobrevivência comanda a vida. Neste caso a razão nem será o receio do aquecimento do planeta a mudar os planos da China—antes os problemas sanitários locais; isto é, a natureza se encarrega sempre de arranjar maneira convincente de mostrar ao homem que está a asneirar e tem de mudar. E, nesse aspecto, mostra-se muito mais eficaz que milhares de militantes do Greenpeace, que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), que Al Gore e outras inefáveis figuras do género. A natureza nos fez, a natureza nos protege.
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