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James Watson, para quem não
se lembra, foi o homem que—juntamente com Francis Crick—descodificou a dupla
hélice do ADN, em 1953. Em 1963, receberam os dois o Prémio Nobel da Medicina
ou Fisiologia, juntamente com o colega e biologista molecular Maurice
Wilkins.
Watson era, e é, assim como o
Dr. Soares, no que respeita ao filtro da verborreia—tem o filtro roto. Em 2007,
debitou o comentário incendiário de que estava desiludido com as políticas de
apoio a África porque se baseavam no pressuposto que a inteligência dos negros
é igual à dos brancos, apesar de todos os dados indicarem que não. E acrescentava:
"Há quem pense que todos os seres humanos nascem igualmente inteligentes,
mas quem lida com empregados negros sabe que isso não é verdade".
Tais considerações foram um
escândalo. Watson teve de se demitir de chanceler do Cold Spring Harbor
Laboratory, deixou de fazer conferências remuneradas, nunca mais participou em
congressos e viu-se condenado pelos pares.
Agora atravessa dificuldades financeiras, eufemismo para
dizer que está arruinado. Para viver, vai vender a medalha do Prémio Nobel. O
leilão será na Quinta-Feira e a Christie's calcula que valerá entre 2,5 e 3,5
milhões de dólares. A medalha de Crick,
que morreu em 2004, foi vendida no ano passado por 2,3 milhões.
Moralidade da história: Watson perdeu uma boa oportunidade
de estar calado. Nem sempre o Homo sapiens pode dizer o que pensa. É o problema
do filtro, de que fala o professor Martelo.
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