terça-feira, 2 de dezembro de 2014

PROBLEMAS DE FILTRO

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James Watson, para quem não se lembra, foi o homem que—juntamente com Francis Crick—descodificou a dupla hélice do ADN, em 1953. Em 1963, receberam os dois o Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia, juntamente com o colega e biologista molecular Maurice Wilkins.
Watson era, e é, assim como o Dr. Soares, no que respeita ao filtro da verborreia—tem o filtro roto. Em 2007, debitou o comentário incendiário de que estava desiludido com as políticas de apoio a África porque se baseavam no pressuposto que a inteligência dos negros é igual à dos brancos, apesar de todos os dados indicarem que não. E acrescentava: "Há quem pense que todos os seres humanos nascem igualmente inteligentes, mas quem lida com empregados negros sabe que isso não é verdade".
Tais considerações foram um escândalo. Watson teve de se demitir de chanceler do Cold Spring Harbor Laboratory, deixou de fazer conferências remuneradas, nunca mais participou em congressos e viu-se condenado pelos pares.
Agora atravessa dificuldades financeiras, eufemismo para dizer que está arruinado. Para viver, vai vender a medalha do Prémio Nobel. O leilão será na Quinta-Feira e a Christie's calcula que valerá entre 2,5 e 3,5 milhões de dólares.  A medalha de Crick, que morreu em 2004, foi vendida no ano passado por 2,3 milhões.
Moralidade da história: Watson perdeu uma boa oportunidade de estar calado. Nem sempre o Homo sapiens pode dizer o que pensa. É o problema do filtro, de que fala o professor Martelo.
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