quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

QUE SE DESENRASQUE

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Recentemente, António José Saraiva escreveu no "SOL":

Há quatro anos, era José Sócrates ainda primeiro-ministro, escrevi uma crónica onde lhe chamei «o Vale e Azevedo da política».
Porquê?
Conhecia pessoalmente os dois, falei com eles em várias ocasiões, e percebi que tinham uma característica em comum: não distinguiam entre a verdade e a mentira. 
Diziam verdades e mentiras exactamente com a mesma cara e a mesma convicção.
Não se podia afirmar que ‘mentiam’, pela simples razão de que os seus códigos mentais eram outros. 
Um dia, num almoço a dois no Pabe, Sócrates disse-me que tinha decidido abandonar a política e ia fazer um mestrado em Londres.
Confidenciou-mo de coração aparentemente aberto, dizendo-me que a política era uma actividade madrasta, que todos saíam de lá mal (Guterres tinha-se demitido pouco tempo antes), pelo que decidira seguir outra vida.
Quando cheguei ao jornal, comuniquei isto à jornalista que acompanhava o PS, para fazer uma notícia.
Perante a minha surpresa, ela respondeu-me: «Isso é falso. Sócrates está neste momento a fazer contactos para concorrer à liderança do PS».

Hoje leio no "Público":

Quando o meu avô morreu, a minha mãe herdou uma fortuna, muitos prédios, andares, que ainda hoje ela não sabe o que fazer com eles.” Foi assim que José Sócrates falou pela primeira vez, em Outubro do ano passado, numa entrevista ao "Expresso", sobre a suposta fortuna da mãe. Na verdade, nesse dia, a senhora já praticamente nada tinha, além do modesto rés-do-chão em que vive em Cascais, de uma arrecadação em Setúbal e de uma terça parte de uma casa na sua aldeia natal, em Trás-os-Montes.

Em resumo, o homem—"epistoleiro do costume"—é um aldrabão compulsivo. Conheço pessoas assim. Uma delas foi meu colega no liceu—esquece-se, inclusivamente, do que disse na véspera e diz o contrário no dia seguinte. Não o faz por mal; é doença que não prejudica ninguém porque as mentiras são inofensivas e ridículas na maior parte das vezes.
O problema é grave quando a tara se manifesta no comportamento e envolve compromissos sociais, negócios, política, e por aí fora. Habitualmente desagua na cadeia, como aconteceu com Vale e Azevedo e acontecerá, provavelmente, com o Zezito. Não tenho nenhum ódio contra o homem. Mas sempre me irritou a sua performance, suspeita de trampolinice e banha de cobra. E não lhe perdoo ter levado o País à ruína, provavelmente para se governar. A Justiça dirá o que acha. Mas é minha convicção que vai ser difícil haver um happy end para tal jagodes.  
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