domingo, 14 de dezembro de 2014

TORTURA OU A MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL

.

Tem-se falado muito ultimamente em tortura—até o Zezito escreveu sobre isso, provavelmente uma pessegada, mas escreveu. É um tema importante desde que o arguido José se debruçou sobre a matéria, tenho a certeza. Mas a conversa agora vem a propósito dum artigo publicado pela Charles Sturt University, da Austrália, em que os investigadores conversaram com 34 interrogadores de prisioneiros da própria Austrália e também da Indonésia e da Noruega.
No referido trabalho, os autores começam por citar Napoleão quando escreveu: "O costume bárbaro de bater em homens suspeitos de terem segredos importantes para revelar deve ser abolido. Sempre se soube que tal maneira de interrogar homens, torturando-os, não traz nada de importante. Os pobres desgraçados contam tudo que lhes vem à cabeça e pensam interessar aos interrogadores."
Efectivamente, a experiência mostra a razão de Napoleão. O referido estudo diz que a maioria dos interrogadores experientes são de opinião ser muito mais eficaz estabelecer uma relação civilizada com os interrogados, neutral e respeitadora, em locais agradáveis, com algum conforto. Um deles contou que conseguiu obter importantes informações dum prisioneiro, fã duma série de TV, levando-lhe DVDs com episódios do programa.
Sendo assim, perguntar-se-á porque se insiste na tortura. Na verdade, dizem os autores do estudo que, quase sempre, ela é mais usada, ainda que inconscientemente, como forma de punição que como meio de conseguir informação.
As convenções internacionais proíbem-na. A Psicologia diz que é inútil. A questão é: porque continua a praticar-se?

Sem comentários:

Enviar um comentário