Tem-se falado muito
ultimamente em tortura—até o Zezito escreveu sobre isso, provavelmente uma
pessegada, mas escreveu. É um tema importante desde que o arguido José se
debruçou sobre a matéria, tenho a certeza. Mas a conversa agora vem a propósito
dum artigo publicado pela Charles
Sturt University, da Austrália, em que os investigadores conversaram com 34
interrogadores de prisioneiros da própria Austrália e também da Indonésia e da
Noruega.
No referido trabalho, os autores começam por citar Napoleão
quando escreveu: "O costume bárbaro de bater em homens
suspeitos de terem segredos importantes para revelar deve ser abolido. Sempre
se soube que tal maneira de interrogar homens, torturando-os, não traz nada de
importante. Os pobres desgraçados contam tudo que lhes vem à cabeça e pensam
interessar aos interrogadores."
Efectivamente, a experiência mostra a razão de Napoleão. O referido estudo diz que a maioria dos interrogadores experientes são
de opinião ser muito mais eficaz estabelecer uma relação civilizada com os
interrogados, neutral e respeitadora, em locais agradáveis, com algum conforto.
Um deles contou que conseguiu obter importantes informações dum prisioneiro, fã
duma série de TV, levando-lhe DVDs com episódios do programa.
Sendo assim, perguntar-se-á porque se insiste na tortura. Na
verdade, dizem os autores do estudo que, quase sempre, ela é mais usada, ainda
que inconscientemente, como forma de punição que como meio de conseguir
informação.
As convenções internacionais proíbem-na. A Psicologia diz
que é inútil. A questão é: porque continua a praticar-se?
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