Time travels in divers paces with divers persons.
William Shakespeare
Falávamos há dois dias do tempo, da natureza do tempo e do que é, ou se julga ser; de Santo Agostinho que só sabia o que era tempo se não lho perguntassem; e de outras larachas sem importância. Hoje tenho pensado na influência que o tempo tem na sociedade, ou seja, do seu papel no ponto de vista sociológico, e nas "culturas" do tempo, se assim posso exprimir a forma como ele é considerado nas diferentes partes do mundo — para dar um exemplo, fenómenos como o facto de uma hora ser um piscar de olhos em Timor e dez minutos uma eternidade na Suíça.
O tempo é elástico numas terras e curto e rígido noutras. Na realidade, tal depende da forma como é usado. E, embora haja diferenças de atitude mental no que ao tempo respeita, há aspectos consensuais, alguns bem estranhos. Estudos feitos em todo o mundo por instituições credenciadas mostram, por exemplo, que a aceitação do fenómeno de um "poderoso" fazer esperar um cidadão com menor status, é universal — o tempo não será o mesmo para cada um deles, embora muitas vezes seja mais importante, de facto, para o segundo que para o primeiro.
Em muitos locais do mundo vêem-se relógios e calendários de todo o planeta, o que não significa que toda a gente leia aquela informação do mesmo modo — o trajecto é o mesmo, mas o "tambor" que marca o ritmo da marcha dos diferentes povos toca de forma diferente, já insinuava Shakespeare. Há quem se sinta de tal forma pressionado pelo "tambor", que só pensa em slow food, antípoda desse ícone da vida moderna nas sociedades industriais que é o fast food.
Num estudo feito em 31 países e publicado em 1997, com o título Geography of Time, as populações são classificadas segundo três critérios: a) rapidez da marcha dos peões nos passeios das ruas; b) tempo necessário para comprar um selo; c) grau de exactidão dos relógios públicos. Com base nestes dados, chegou o autor às seguintes conclusões: 1) países mais rápidos, por ordem decrescente — Suíça, Irlanda, Alemanha, Japão e Itália; países mais lentos, por ordem crescente — Síria, El Salvador, Brasil, Indonésia e México. Os Estados Unidos ficam a meio da tabela, no 16º lugar. De Portugal não tem informação, mas recomendo vivamente a observação do castiço que aparece no vídeo incluído no fim deste post a falar do livro. Não diz grande coisa com proveito, mas é engraçado (tem legendas possíveis em inglês).
Algumas culturas, como os aborígenes australianos, não distinguem o passado, o presente e o futuro e, segundo Ziauddin Sardar, escritor muçulmano britânico, no Islão, o tempo é uma tapeçaria que inclui o passado, o presente e o futuro, em que passado é o presente e o futuro foi apagado. Complicado!
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