Srs. Redactores da “Revista Universal Lisbonense”
A reforma há pouco feita no seu estimado jornal; o agasalhado que nele se concede a tudo quanto se chama fruto de ciência humana; a maior extensão de escritura que nas suas páginas se pode hoje encerrar; e sobretudo a ambição, que desperta nos entendimentos ainda humildes, de se acharem à mesa da ciência em tão honrada companhia literária como a dos colaboradores da “Revista”; tudo isso me excitou a dirigir-lhes esta carta, que folgarei mereça a honra da publicação, e que se o merecer será seguida por outras sobre o mesmo objecto, porque traçando e alevantando a “Revista” um formoso edifício de civilização nesta pobre terra de Portugal, posto que eu saiba serem as pedras que posso cortar e carrear para o monumento toscas e mal desbastadas, sei também que até estas têm sua cabida e serventia, quando para mais não sejam ao menos para sumir lá nos alicerces e na grossura dos muros, enquanto os artífices de primor vão aperfeiçoando as portadas, colunas, cimalhas, remates, e mais exterioridades de desenho, em que os arquitectos da obra põem as suas complacências de artistas.
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Alexandre Herculano
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