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Mais de 100 sacerdotes católicos da diocese de Dublin estão acusados, ou são suspeitos, de abusar sexualmente de 390 menores desde 1940, segundo informa o bispado da capital irlandesa. A este respeito, Bento XVI escreveu uma carta aos fiéis da Irlanda, em Março deste ano, onde diz, entre muitas outras coisas o seguinte: O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II, às vezes foi mal entendido e, além disso, com as profundas alterações sociais que então ocorriam, não era fácil encontrar a melhor maneira de o realizar. Em particular, houve uma tendência, motivada por boas intenções, mas errada, de evitar a aplicação penal nas situações canonicamente irregulares. É neste contexto geral que devemos entender o desconcertante problema do abuso sexual de crianças, que contribuiu, não pouco, para o enfraquecimento da fé e à perda do respeito pela Igreja e seus ensinamentos.
Dirigindo-se aos bispos, escreve:
Não se pode negar que alguns de vós, e vossos antecessores, falharam, às vezes gravemente, na hora de aplicar as normas, estabelecidas há largo tempo, do Direito Canónico sobre os delitos de abuso de crianças. Cometeram-se graves erros nas resposta às acusações. Reconheço que era muito difícil abarcar a amplitude e complexidade do problema, obter informação fiável e tomar decisões adequadas à luz dos pareceres divergentes dos especialistas. Não obstante, deve reconhecer-se que se cometeram graves erros de juízo e houve faltas no governo. Tudo isto comprometeu gravemente a vossa credibilidade e eficácia.
Regista-se que Bento XVI, provavelmente, sempre discordou das orientações do Concílio Vaticano II porque abriu brecha na imobilidade da Igreja, com a qual pretende mantê-la afastada de crises deste tipo. A mim parece-me exactamente o contrário, salvo o respeito por melhor opinião: crises deste tipo são resultado directo da imobilidade. Ninguém consegue manter a panela incólume quando a pressão ultrapassa o limite físico da sustentabilidade.
Quanto aos bispos, ficam dúvidas se o seu comportamento, agora condenado, não tenha resultou de hábitos antigos, bem integrados na visão conservadora de Bento XVI.
Quem estiver interessado, pode ler na íntegra a carta de Bento XVI em espanhol, clicando aqui...
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