Precisamos de acabar com o curto-termismo; pelo menos até à próxima semana
Há séculos que o gobo—nossa
casa—"encolhe". Com o telégrafo, a navegação a vapor e o caminho de ferro,
encolheu como nunca visto antes. A aviação a jacto e a Internet criaram,
definitivamente, a aldeia global. Mas não só as distâncias diminuíram. O tempo
encurtou. O que antes era planeado para um decénio, passou a ser planeado para um
ou dois anos; e os programas políticos têm horizontes de meses. Para tal miopia
espacial e temporal, com o adjectivo curto e substantivo termo, criou-se o
neologismo curto-termismo. Vivemos na era do curto-termismo, facto que é preciso
reconhecer e cuja importância negativa no futuro do mundo deve considerar-se.
Quanto ao espaço,
há pouco a fazer e pouco interessa isso. Mas é possível alargar o
curto-termismo na componente temporal—planeando a longo prazo. Numa montanha do
Texas está em construção um relógio—a que já me referi em tempos neste blog—com
mecanismo de movimento lento e projectado para trabalhar 10 mil anos com
autonomia total e desvio da hora astronómica quase nulo. Tal máquina não é
uma inutilidade, nem fantasia, embora pareça. É o farol que vai à frente e
ilumina duas vezes os que se preocupam com o curto-termismo. Precisamos de programas
e projectos de longo prazo, eventualmente quiméricos, cuja execução exija a
contribuição de gerações.
Aos historiadores
cabe papel fundamental—está nas suas mãos o futuro público do passado, como
alguém disse, ao reconhecer as grandes linhas da evolução social ao longo do
tempo. Tal reconhecimento pode ser a fonte da informação necessária ao que, por
analogia, chamaria longo-termismo. No fundo pensar longe, actividade cada vez mais rara.
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