quinta-feira, 2 de outubro de 2014

CURTO-TERMISMO

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Precisamos de acabar com o curto-termismo; pelo menos até à próxima semana


Há séculos que o gobo—nossa casa—"encolhe". Com o telégrafo, a navegação a vapor e o caminho de ferro, encolheu como nunca visto antes. A aviação a jacto e a Internet criaram, definitivamente, a aldeia global. Mas não só as distâncias diminuíram. O tempo encurtou. O que antes era planeado para um decénio, passou a ser planeado para um ou dois anos; e os programas políticos têm horizontes de meses. Para tal miopia espacial e temporal, com o adjectivo curto e substantivo termo, criou-se o neologismo curto-termismo. Vivemos na era do curto-termismo, facto que é preciso reconhecer e cuja importância negativa no futuro do mundo deve considerar-se.
Quanto ao espaço, há pouco a fazer e pouco interessa isso. Mas é possível alargar o curto-termismo na componente temporal—planeando a longo prazo. Numa montanha do Texas está em construção um relógio—a que já me referi em tempos neste blog—com mecanismo de movimento lento e projectado para trabalhar 10 mil anos com autonomia total e desvio da hora astronómica quase nulo. Tal máquina não é uma inutilidade, nem fantasia, embora pareça. É o farol que vai à frente e ilumina duas vezes os que se preocupam com o curto-termismo. Precisamos de programas e projectos de longo prazo, eventualmente quiméricos, cuja execução exija a contribuição de gerações.
Aos historiadores cabe papel fundamental—está nas suas mãos o futuro público do passado, como alguém disse, ao reconhecer as grandes linhas da evolução social ao longo do tempo. Tal reconhecimento pode ser a fonte da informação necessária ao que, por analogia, chamaria longo-termismo. No fundo pensar longe, actividade cada vez mais rara.
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