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Manuel Maria Carrilho
escreve hoje sobre a crise do socialismo democrático que corre toda a Europa e
a páginas tantas diz:
[...] Ao
mesmo tempo, o socialismo democrático deixou-se manietar pela ilusão de uma
construção europeia que, na realidade, se edificou no sentido contrário ao das
suas promessas de crescimento, de convergência e de solidariedade. Ilusão
sempre "dopada", quando o que ela devia ter sido era bem analisada e
substituída a tempo por uma visão realista da Europa.
Ilusão que
permanece, tomando agora a forma da miragem que será possível encontrar ao
nível europeu a resposta que ninguém vislumbra ao nível nacional. Mas não vai─e, por isso, a questão que honestamente se impõe aos socialistas democráticos
é a de saber se não terá sido precisamente a integração europeia, devido às
modalidades escolhidas para a sua concretização, um dos fatores que mais
conduziram ao bloqueio do seu modelo ideológico e político. [...]
É bom, de longe
em longe, vislumbrar um bocado de
realismo num socialista porque, em regra, socialista é um vendedor de
promessas só possíveis numa sociedade constituída por cidadãos com
comportamento angélico que ele é o primeiro a não ter. Olhe-se em volta e negue-se isto. Como a
Igreja tem os príncipes da Igreja, o socialismo tem os príncipes do sistema. Socialista
é generoso com a generosidade dos outros, com o dinheiro dos outros, com a disponibilidade
dos outros, com a solidariedade dos outros, com a ingenuidade dos outros. Estafado
o dito de Tatcher de que o socialismo acaba quando acaba o dinheiro dos outros,
o princípio mantém-se vivo─cada
vez mais evidente. Os portugueses que o digam.
A sociedade começa a perceber─finalmente!─que
o “maná” socialista tem custos futuros e os Zezitos são uma ameaça apontada às
gerações que virão depois.
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