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.Chocar é um verbo com múltiplas acepções em Portugal. Pode referir-se ao acto da ave que cobre os ovos com o corpo para os aquecer e germinar; ir de encontro à parede; descarregar uma corrente eléctrica na pele ou mucosas; estragar; apodrecer; incomodar; ferir a sensibilidade de alguém e por aí fora. Por isso, fiquei inquieto ao ler que o Partido Socialista ficou chocado com o discurso do Presidente da República depois do último grande incêndio, quando o País entrou em risco de ignição total, qual pira funerária lusitana.
Na verdade, o português consciente e avisado sentiu, quase literalmente, as barbas a arder e daí que Marcelo lançasse um grito a exigir a quem tinha — e tem — a responsabilidade de controlar a cremação nacional, neste caso o Governo da "Geringonça", que fizesse alguma coisa para aplacar Vulcano, Deus do Fogo. Nada mais assisado!
Mas o Partido Socialista não gostou e ficou chocado.
Marcelo, por sua vez, interrogado nos Açores sobre o choque no Largo do Rato, afirmou que quem ficou chocado com os incêndios de 15 de Outubro foi o País e não o Largo do Rato. O problema, portanto é quem está chocado: o PS ou o País?
Admito que o Partido Socialista errou na forma como se expressou: na realidade o Partido não está chocado — o Partido está é choco; e já não é de agora. Mas de acordo com o habitual, podemos esperar porque o choco costuma durar cerca de três semanas, segundo penso, e antes de meados de Novembro passa.
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