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Sobre a entrevista de José Sócrates na TV, Ricardo Araújo Pereira, em artigo publicado na "Visão" (segundo penso) e reproduzido algures na Net, chama a atenção para o facto de Sócrates ter reagido violentamente quando lhe perguntaram “Hoje como é que o senhor vive, como é que paga as suas despesas?”, considerando a pergunta um insulto, e não se ter perturbado com a pergunta inicial — “O senhor foi ou não um primeiro-ministro corrupto?” — pergunta muito mais ofensiva.
Há situações marginais que, por vezes, dizem mais que aquilo que parecem dizer. Negar que foi um primeiro-ministro corrupto é coisa que não custa nada a Sócrates. Explicar como conserva o padrão de vida que tem — e teve — será mais complicado sem se comprometer.
Sócrates ter-se-á sentido "encurralado", porque nunca imaginou que o jornalista fosse capaz de lhe fazer a pergunta, e reagiu com violência para pôr um ponto final na matéria, uma vez que não tinha resposta capaz sem meter os pés pelas mãos; especialmente depois do entrevistador agravar a situação com uma pergunta complementar: “Não vive então com empréstimos do seu amigo Carlos Santos Silva?”. Tocou no ponto mais fraco do entrevistado, qual é o de há vários anos, aparentemente, viver muito acima das suas possibilidades, às custas daquilo de que o acusam.
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