sexta-feira, 13 de outubro de 2017

FAZER VISTA GROSSA COM O QUE NÃO CONVÉM

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Sobre a relutância dos políticos portugueses se pronunciarem acerca do "Caso Sócrates" (ver o post com Santos Silva em baixo), Rui Ramos escreve no "Observador", entre outras coisas:


A razão da nossa oligarquia para se calar é óbvia. Há demasiada gente na política e nos seus arredores que fez carreira com um líder agora acusado de 31 crimes. Mas bastar-lhes-á aguardar pela sentença “com tranquilidade”? Não é legítimo pedir-lhes uma explicação? Por exemplo, nunca tiveram uma dúvida, quando sabemos que sempre houve suspeitas? A propósito dos abusos sexuais do produtor Harvey Weinstein, discute-se agora na América a "cultura de cumplicidade" que o teria protegido durante anos. Não deveríamos nós estar a discutir a “cultura de cumplicidade” que parece haver à volta da corrupção e do abuso do poder na democracia portuguesa? Uma cultura feita de indiferença ética, de comunhão na ganância e de um sentimento de impunidade alimentado, de alto a baixo, pela promiscuidade no Estado, pela dificuldade de provar estes crimes e por votações como as de Oeiras.
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Conhecendo a velocidade de cruzeiro da Justiça em Portugal, digo eu, é provável que o processo não chegue ao fim antes de 2030. Nesse ano, quando alguém falar em Sócrates, todos pensarão no da Grécia, falecido há mais de dois mil anos e que nunca conheceu Ricardo Salgado, ou o Grupo LENA.
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