segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE

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Na quinta-feira, o dr. Costa escreveu no Twitter: “Tive com o Presidente da República da Eslovénia e tivemos uma excelente e amigável reunião de trabalho”. Desconheço o idioma em que a excelente e amigável reunião decorreu, mas rezo aos santinhos para que não fosse o português. Numa única frase, o dr. Costa conseguiu incluir “tivemos”, do verbo “ter”, e “tive”, do verbo “tar”, sem perceber que um dos vocábulos apenas cabe nas sofisticadas conversas mantidas pelas altas esferas do PS.
Vendo bem, pouco surpreende num sujeito que diz “verdeira” (queria dizer “verdadeira”), “poder-lhe-dizia” (“podia dizer-lhe”), “competividade” (“competitividade”), “prelenamente” (“plenamente”), “insintizamos” (“sintetizamos”), “era o que eu estou” (“era o que eu estava”), “pulação” (“população”), “arrepatação” (?), “badéfice” (“défice”), “protividade” (“produtividade”), “mobilição” (“mobilização”), “precalidade” (“precaridade”). E isto numa única ocasião, uma intervenção no parlamento há cerca de um ano (encontra-se facilmente na “net”, sob o adequado título “António Costa desafia Jorge Jesus para um duelo de português”). O dr. Costa escreve como fala e, para nossa miséria, provavelmente fala como pensa. [...]

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Alberto Gonçalves in "Observador"
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