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O Dr. Soares disse hoje que o tratamento que as instituições da União Europeia estão a dar à Grécia é uma vergonha, porque a Grécia é a pátria e a inventora da democracia, da ciência e da cultura. Segundo o Dr. Soares, "a Grécia deveria ser bem tratada neste problema com as dívidas soberanas dos países europeus".
Eu também acho que a Grécia devia ser bem tratada, embora sempre que lá fui tenha sido maltratado, sobretudo enganado, vigarizado e roubado. Se excluirmos os países do Norte de África, é a Pátria onde o turista é mais eficazmente ludibriado. Mas não vamos fazer problema com isso, porque é a terra do Zorba, da Nana Mouskouri, e da Maria Callas.
O problema é que os gregos estão gregos porque houve por lá vários zézitos e ficararam 340 mil milhões de euros em dívida, ou seja, 30 mil euros por cada grego. Tenho pena, mas tenho ainda mais pena dos portugueses porque eu próprio sou um deles e, sendo tal, também estou grego.
Dizem-me que um jardim com quatro arbustos em Atenas tinha 45 jardineiros, um carro oficial 50 motoristas, 40 mil jovens recebiam a pensão de mil euros mensais pela singela razão de serem filhas solteiras de funcionários falecidos, 4.500 mortos recebiam a reforma, e que o Instituto para a Protecção do Lago Kopais, que secou em 1930, continuava a ser sustentado pelo Estado. Para ser franco, acho tudo isso sem importância nenhuma e a União Europeia, solidariamente, devia fechar os olhos a tais minudências e pagar o calote dos gregos; e, já agora, o dos portugueses porque dava jeito. Afinal, também dobrámos o Cabo Bojador, descobrimos o caminho marítimo para a Índia, achámos o Brasil, e o Benfica e o FêQuêPê já foram campeões europeus.
Estou com o Dr. Soares quando diz serem os líderes europeus todos medíocres. Aliás, não são todos: precisamente 25, porque são conservadores. Salvam-se os dois socialistas. Assim é que é.
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