sexta-feira, 31 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
...........

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

TERREIRO DO PAÇO

.
.

INSTINTO DA IMORTALIDADE

.

Académicos de Teologia e Biologia têm há séculos procurado resposta, em textos religiosos, ensaios filosóficos e, mais recentemente, na anatomia e na biologia da morte para a seguinte questão: O que acontece às pessoas depois de morrerem? Vivem os mortos eternamente como espíritos? Ou as memórias pessoais, os sentimentos, desejos, objectivos acabam para sempre com a morte?
Há, aparentemente, um desejo instintivo de imortalidade que está para além da razão e não tem sequer a ver com a cultura. Há documentos arqueológicos comprovativos de que o homem moderno, há mais de 100 mil anos, muito antes da civilização, sepultava os mortos juntamente ossos de animais e conchas, o que parece apontar para preocupação com a situação pós morte.
Há o argumento do terror do fim para cuja mitigação contribuirá a crença na vida depois da morte, mecanismo de aliviar o stress inerente.
Hoje há quem acredite que a convicção da vida pós morte é instintiva. Nasce com o homem e manifesta-se muito cedo, mesmo em crianças—muito longe do horizonte final—sem qualquer influência da cultura ou da educação. É parte integrante da qualidade humana.
Esta é a síntese muito comprimida de um excelente artigo da psicóloga Natalie Emmons que pode ler aqui.
.

JANELAS

.
.

UM CROMO CHAMADO VAROUFAKIS

.

Segundo o "Guardian", Tsipras terá eructado no Parlamento grego a seguinte peça oratória em defesa do inenarrável Varoufakis: "Yanis Varoufakis pode ter cometido erros, todos nós os fazemos. Pode ser acusado quanto quiserem pelo seu plano político, as suas declarações, o seu gosto por camisas, pelas férias em Aegina. O que ninguém o pode acusar é de roubar o dinheiro do povo grego ou ter um plano encoberto para levar a Grécia para o precipício".
Não é mau: Varoufakis fartou-se de fazer burrices, usa camisas horríveis, passa férias burguesas em Aegina (para um radical genuíno nada é de mais), mas não roubou dinheiro ao povo, nem estava empenhado em enterrar os gregos vivos.
O padrão de exigência de Tsipras para um político é benevolente—só precisa de não roubar e enterrar os compatriotas apenas depois de mortos—uma das obras de misericórdia. 
A insolência arrogante como ministro das finanças de um País arruinado por falta de cabeça, o modo como enterrou o quase nenhum crédito desse País, e a condição de putrefacção económico-financeira que deixou como legado da sua passagem meteórica pelo Governo helénico não interessam a Tsipras. Pelo menos, devia preocupar-se com as camisas horríveis que trocavam os olhos aos colegas do Eurogrupo.
.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.

IMAGEM DO DIA

.
.

PIROTÉCNICOS DE HUNAN

.
.
O fogo de artifício foi inventado na China, em Hunan, onde se realizou o espectáculo mostrado neste vídeo. Pelo andar da carruagem, vê-se que a China continua sem concorrência à altura nesta arte. Clique na imagem ou aqui para ver o vídeo.
.
(Com colaboração de F. Menezes Brandão)
.

O SEMEADOR

.
.

CABEÇA DE GIZ NO FEMININO

.
.

O FIM DO QUERIDO LÍDER

.
O Querido Líder Kim Jong-un, cada vez mais parecido com um cevado, supervisionou o segundo concurso de aviação de combate do país e anunciou tratar-se de preparativos para a guerra contra os Estados Unidos e Coreia do Sul. O objectivo, nas palavras do cevado, é saldar dívidas, através das armas, com os imperialistas dos Estados Unidos e os fantoches sul-coreanos. Para ser sincero, acho pouco—já que Kim vai meter a mão na massa, porque não ajustar contas também com a Inglaterra, a França, a República de S. Marino e o Vaticano? 
Um país será poupado: a Suíça, onde é produzido o Emmental com que se empanturra e um dia o fará rebentar para alívio de toda a nação coreana.
.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

BEIRA-RIO

.
.

AS REMADORAS

.
.

1 MINUTO DE MÚSICA

.
.

VACINAS

.
 .
Em 1975, Álvaro Cunhal, em resposta à pergunta da jornalista italiana Oriana Fallaci sobre o que ele entendia por democracia, respondeu assim: Não certamente o que vocês, os pluralistas, entendem. Para mim, democracia significa liquidar o capitalismo e os monopólios. E ainda lhe digo mais: Portugal já não tem qualquer hipótese de estabelecer uma democracia ao estilo das que vocês têm na Europa ocidental. Garanto-lhe que em Portugal não haverá um parlamento. Não queremos uma democracia como a vossa. Portugal não será um país com as liberdades democráticas e os monopólios. Não será companheiro de viagem das vossas democracias burguesas. Porque não o permitiremos. Talvez voltemos a ter um Portugal fascista (ainda que eu não acredite nisso). Mas seguramente que não teremos um Portugal social-democrata. Jamais. Deixei isso bem claro?
Em conformidade, o PCP actual, herdeiro do social-fascismo de Cunhal, não participa em governos de coligação da democracia burguesa. Ou toma de assalto o poder e acaba com ela, como fez a seguir ao 25 barra 4, ou fica na oposição, a chatear o pagode burguês na Assembleia da República e nos sindicatos.
Cunhal era um sacana e um cágado que sabia muito. O mesmo não se pode dizer de Tsipras e do seu inenarrável Syriza. Os gregos pregaram-lhes uma bela partida ao elegê-los, com maioria absoluta ou quase, há meio ano. Tsipras estava a fazer peito para ficar com numerosa bancada no Parlamento a chatear o pagode burguês, mas o tiro saiu pela culatra: meteram-lhe a criança nos braços.
Depois de ene borradas em casa e em Bruxelas, acolitado pelo sinistro Facas, acabou a governar, ou melhor dizendo, a pensar que governa, apoiado pelos partidos burgueses, coisa ridícula para um radical como ele.
Tsipras já aprendeu que na prática a teoria é outra e anda morto por descalçar as botas que os gregos lhe enfiaram nos pés. Só não dá de frosques porque tem vergonha; mas a senhora sua mãe diz aos jornalista que o filho come mal e dorme pior ainda.
Hoje, Tsipras anunciou ao planeta azul: "Se não tivermos maioria no Parlamento, seremos forçados a eleições". Era bom, mas espero que os gregos o elejam novamente com maioria absoluta. O sacana do Kissinger, na altura do PREC em Portugal, dizia a quem o queria ouvir que o Cunhal era uma coisa boa porque funcionava como vacina para o resto da Europa. Tal e qual como Tsipras—tão cedo, nunca mais é eleita uma coisa assim em parte nenhuma do mundofora do Burkina Faso, do Burundi e da República Centro-Africana.
.

OLH'Ó BALÃO

.
.
A Terra fotografada a um milhão de milhas de distância (± 1.600.000 km) no dia 6 de Julho passado. A imagem foi captada pelo satélite Deep Space Climate Observatory (DSCOVR), lançado em Fevereiro deste ano.
Vê-se a Europa muito bem, com a Península Ibérica e Portugal, o mais lindo de todos—quase vejo a minha casa e o "Favas" onde costumo almoçar. Também se vê a Grécia, mas o Varoufakis não aparece. É impressionante a dimensão do Deserto do Saara, onde se distingue perfeitamente o Rio Nilo a correr para o Mediterrâneo.
.
Em baixo, um video feito a partir da Estação Espacial Internacional, onde se vê a região do Nilo à noite e o Médio-Oriente.
.
.

SOMA E SEGUE


.
João Alberto Correia, ex-Diretor-Geral de Infraestruturas e Equipamentos do Ministério da Administração Interna, vai ser julgado por 80 crimes: 32 de corrupção passiva, 31 de participação económica em negócio, 12 de falsificação de documentos, quatro de abuso de poder e um de branqueamento de capitais. 

No processo são também arguidos dois funcionários da antiga Direcção-Geral de Infraestruturas e Equipamentos do MAI, extinta em Julho de 2014. Um era Chefe da Divisão de Obras daquela Direcção-Geral e está acusado de 22 crimes de participação económica em negócio e 11 de falsificação de documento. À outra, responsável pelo Gabinete Jurídico e de Contratação e Património, são imputados quatro crimes.

O presidente do Conselho de Disciplina da Ordem dos Arquitectos, Manuel Saldanha, é um dos 12 arguidos no processo, a quem o Ministério Público exige uma indemnização de valor não inferior a 909 mil euros.

Rebabá... rebabá... rebabá...

É uma data de gatunos, é uma data de ladrões e é uma data de chupistas!
.

terça-feira, 28 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

RETRATO

.

1 MINUTO DE MÚSICA

.
.

INEM EM FESTA

.
.

SOB A TUTELA DA ORDEM DA JARRETEIRA

.

Manuel Villaverde Cabral escreve no "Observador":

[...] Cavaco Silva tem toda a razão ao recomendar aos partidos e coligações que se mentalizem para chegar a acordos maioritários no parlamento. Se alguém está no labirinto, é o país inteiro. Portanto, todas as formações partidárias têm a responsabilidade, pela positiva ou pela negativa, de colaborar nesses acordos. Já era esse o caso em 2009 mas, nessa altura o PR não teve vontade ou capacidade de agir perante a cegueira suicidária de Sócrates que nos fez cair—ele, o PS e nós por fim—no abismo. Daí, essa vertigem do poder e essa recusa negocial, é que criaram o desgastante e improfícuo regime de crispação agónica em que temos vivido deste então.[...]

Não posso estar mais de acordo com o citado. É totalmente claro neste momento que das próximas eleições não vai resultar nenhuma maioria absoluta—felizmente para a Pátria, porque fosse ela qual fosse seria sempre muito má. Sendo assim, é de todo desavisado começar desde já a criar um clima de crispação que inviabilizará qualquer partilha do poder ou acordo depois das eleições.
Deste ponto de vista, o PS tem tido comportamento muito mau; primário mesmo. Costa, que é um troglodita político manipulado pela ordem da jarreteira socialista da ética republicana, cada vez que abre a boca, fecha mais uma porta para um entendimento futuro. Não admira—Costa é aquele flop que só tarde e a más horas percebeu as anedotas que eram o Syriza, o Tsipras e o Varoufakis. Não se pode pedir-lhe mais.
.

PORTA 6

.
.

A PÁTRIA DOS EUROPOULOS

.

Há coisas inenarráveis neste mundo—nascem vitelos com duas cabeças, lagartixas sem rabo e águias com turbo-reactores no lugar das asas, por exemplo. Hoje a revista "Time" revela mais um desses fenómenos: a Grécia vai receber um empréstimo (mais um) de 86 mil milhões de euros e na helénica república, terra de Sócrates (não é esse!) e mãe da democracia, os descendentes dos adoradores de Zeus, em 2014, sonegaram ao fisco 78 mil milhões de euros. Não sei como está o câmbio do antigo talento de ouro, mas devem ser muitos talentos, seguramente.
Se os fugafiscoulos e os trapalhãopoulos dedicassem os talentos de que são possuidores a produzir riqueza em vez de aldrabar incautos, tinham capital para financiar a Alemanha, a França, quiçá até a Rússia do amigo Putin que está falido.
Mas o problema está no ADN dos trampolinopoulos—nasceu com eles e não há selecção darwiniana que o resolva. Nem Schäuble consegue quanto mais a natureza!
.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

GAIVOTA

.
.

SÓ 'BEATAS' E 'BEATOS'

.

Ali para os lados de Vila Nova de Gaia, há uma parvónia chamada Canelas, e digo parvónia porque é terra de parvos, gente para quem o Cristianismo é um clube e se comporta como uma claque de futebol, do tipo No Name Boys, Super Dragões, ou pior ainda.
Tomaram-se de amores por um padre chamado Roberto Carlos, um rufia que ameaçou o bispo da diocese que denunciaria outro padre de abusos sexuais se ele o transferisse para fora de Canelas e, como o bispo não se intimidou, incriminou o colega.
Feitas investigações pelas autoridades civis e eclesiásticas, não se encontraram provas das suas denúncias. Poderá dizer-se que as investigações são falíveis mas, considerando o comportamento marginal de Roberto Carlos, o mais provável é que se trate de um amontoado de calúnias, próprias de uma ovelha tresmalhada.
Mas não é do padre que quero falar porque esse, já se viu, é um caso para esquecer. Falo dos putativos fieis de Canelas que já tentaram agredir o sacerdote que substitui Roberto, carecendo ele ainda hoje de protecção da GNR. Os putativos fieis de Canelas são alegados seguidores duma religião cuja essência é a não violência, a bondade, a tolerância, a misericórdia, a mansidão e por aí fora. Na realidade, os "beatos" e as "beatas" de Canelas são violentos, maus, intolerantes, desapiedados e agressivos. E o mais grave é que tal comportamento é incentivado pelo padre Roberto Carlos que se desloca à povoação para celebrar missas campais à revelia da diocese. Um espectáculo verdadeiramente lamentável para os que são cristãos genuínos.
.

"CREOULA"

.

EH . . . EH . . . EH . . .

.
.
E como qualificar um homem que entra em nossa casa, senta-se à mesa, aceita o prato que lhe dão, não pára de cuspir para o chão e, ainda assim, recusa-se a sair e ainda se diz vítima da situação?
.

CONTRALUZ

.
.

EM ITÁLICO

.
.
Quando o Syriza ganhou o referendo na Grécia, os otários festejaram por aí: finalmente, o governo de Alexis Tsipras fazia um manguito à ‘austeridade’ com uma vigorosa lição democrática. No dia seguinte, o governo do manguito esticava o braço e já andava a pedir esmolas aos credores, aceitando a ‘austeridade’ toda. Os otários mudaram de ‘narrativa’. A capitulação da Grécia e a traição ao seu povo era culpa dos alemães, que pressionaram o imaculado governo Tsipras a engolir todos os sapos sob ameaça de uma saída do euro. Sabemos agora que, afinal, Tsipras andou a preparar nos bastidores essa saída do euro e um regresso ao dracma, com o apoio de Moscovo. Sem sucesso. Os otários portugueses, se tivessem vergonha na cara, recolhiam-se em meditação e não abriam o bico tão cedo sobre a ‘austeridade’ ou ‘os nazis’ dos alemães. Mas, por outro lado, se eles tivessem vergonha, dificilmente seriam os otários que são.

João Pereira Coutinho in "Correio da Manhã"
.

domingo, 26 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

ELE HÁ COISAS ! ! !

.

Toda a gente—ou quase—conhece o fenómeno chamado da sincronização de Huygens dos relógios. Para o caso de alguém pouco informado não conhecer (eu só conheci há minutos), explico. Quando se suspendem dois relógios de pêndulo numa parede e se põem a trabalhar dando impulso aos pêndulos, qualquer que seja o modo como cada um começa, ao fim de pouco tempo a oscilação dos pêndulos faz-se de forma completamente oposta. Parece bruxedo e nem Huygens, que havia inventado aqueles relógios percebeu—também foi ele que descobriu a laracha da sincronização e até escreveu à Royal Society, todo contente, a contá-la.
Pois ao fim de 350 anos, parece que o mistério estará explicado; e falo nisto porque quem o explicou foram dois investigadores, Henrique Oliveira e Luís Melo, da Universidade de Lisboa. Pode ler aqui o artigo publicado na revista "Scientific Reports", se conseguir meter o dente. Naturalmente que eu não consegui, não percebi nada, mas gostei muito—é como os discursos do Nóvoa.
.

UMA CASA PORTUGUESA

.
.

MORRA O MOSQUITO, MORRA. PIM !

.

Já ouviu falar de mosquitos, seguramente, uns dos nossos irmãos mais queridos com que a natureza achou por bem contemplar-nos. E já percebeu que esses amorosos seres, quando estão presentes no local onde dormimos, apesar de pequeninos, nos encontram num instante, mal começamos a querer fechar os olhos, mesmo em escuridão total. Não têm luz, não têm bússola, não têm GPS, mas navegam certeiramente em direcção à sua bochecha, à sua orelha, ou ao seu braço para se alimentarem e chatearem. Já viu outra coisa assim?! Como fazem eles isto? Porque não vão eles picar as pedras da calçada?
Pois um senhor chamado Michael H. Dickinson, professor de Bioengenharia na Universidade de Washington (há disso!) estudou a matéria e chegou à conclusão que os mosquitos—e as mosquitas, naturalmente—têm um sistema de navegação que envolve três passos e não falha.
No primeiro, averiguam se há gente viva nas proximidades através da avaliação da quantidade de dióxido de carbono no ar. Partindo do princípio de que o penico e a mesa de cabeceira não respiram, se há dióxido de carbono, alguém está por ali. Conseguem detectar o CO2 a 10 a 50 metros. Espertos!
Depois, a 5 a 10 metros, orientam-se pela visão. E, a menos de 1 metro, pelo calor e humidade, antes de aterrar e chatear o Homo sapiens.
Há pachorra para a natureza que levou milhões de anos a desenvolver uma coisa como o mosquito que só chateia? Não há. O mosquito é um dos melhores e mais consequentes argumentos contra a teoria do desenho inteligente. Tanto filósofo e teólogo a falar disso e ninguém lhes atira com o mosquito à cara! Falta de lembrança.
.

O LÍBANO EM PORTUGAL

.
.

O COSTA SEGUNDO ALBERTO GONÇALVES

.

Não era difícil prever o desastre que é António Costa. Os primeiros indícios chegaram com o culto da "inteligência" caseira, que se destaca pela portentosa falta da dita e atabalhoadamente tentou converter um amorfo funcionário do PS no D. Sebastião de 2014. Os sinais acentuaram-se durante o combate contra Seguro, raro momento em que, por comparação, este se assemelhou a um estadista promissor ou, vá lá, a um ser vivo. Chegado à liderança do partido, o dr. Costa continuou a provar com espantosa frequência que a inabilidade na gestão de uma autarquia não basta para governar um país. Não era difícil prever o desastre: difícil era adivinhar a respectiva dimensão.
Comentadores magnânimos atribuem o fiasco a factores externos, da prisão de Sócrates ao advento do Syriza. Na sua generosidade, esquecem-se de acrescentar que, sozinha, a brutal inépcia do dr. Costa, que possui a firmeza da esparguete cozida, transformou cada eventual obstáculo numa cordilheira inultrapassável.
Sobre Sócrates, o dr. Costa começou tipicamente por avaliar mal o "sentimento" popular e defender com tremeliques de orgulho as proezas do preso 44 enquanto primeiro-ministro. Uma bela manhã até desceu a Évora. Meses depois, numa exibição de objectividade sem precedentes, o dr. Costa criticou um governo de que ele próprio fez parte e jurou, sem jurar, não repetir a excursão alentejana.
Sobre o Syriza, o dr. Costa já disse tudo e o seu oposto, de acordo com o que tomou pelo clima do momento. Qualquer hipotético avanço dos maluquinhos que fingem mandar na Grécia tinha o dr. Costa, dez minutos decorridos, a erguê-los ao estatuto de farol da Europa. Em vinte minutos, os avanços recuavam estrategicamente e a apreciação do dr. Costa também: uma ocasião, apelidou o Syriza de "tonto". Mas isso foi antes do referendo, em que o Syriza voltou a ser sublime. E o referendo foi antes do acordo, em que o glamour do Syriza regressou a níveis da peste bubónica.
Nos intervalos dos Grandes Temas, o dr. Costa desdobrou-se a opinar acerca de temas minúsculos, naquele português de causar inveja a Jorge Jesus e sempre no lado errado do discernimento: o "investimento" público (promete muito), a austeridade (é uma péssima opção), a autonomia dos autarcas (quer reforçá-la), a "lusofonia" (acha-a linda). Nos intervalos dos intervalos, passeou o currículo democrático e arranjou uma guerra interna com as "bases" do PS, que consultaram as sondagens e desataram a questionar a infalibilidade do chefe. As cambalhotas em volta dos (inacreditáveis) candidatos presidenciais não ajudaram. Nem os abraços aos socialistas franceses que, afinal, conspiram para varrer Portugal do euro. Nem nada.
Resta apurar se a tendência para a calamidade é involuntária ou propositada. A verdade é que o dr. Costa conseguiu, em pouco tempo, renovar as esperanças eleitorais da coligação no poder. Um tiro no pé do Governo é invariavelmente seguido por uma explosão auto-infligida no porta-aviões do PS. Se o PS perder as eleições, o mérito será inteirinho do dr. Costa. Se ganhar, é Portugal que não merece melhor. E pior parece impossível.
.
Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
.

sábado, 25 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.

PENSAMENTO PARA HOJE

.
.

1 MINUTO DE MÚSICA

.
.

A PONTE

.
.

UMA NÓVOA SOBRE PLUTÃO

.
 .
Hoje apanhei um susto. Lia o jornal tranquilamente, não havia notícias preocupantes, Salgado estava em casa com saúde, pele de leopardo e boa reputação, o Zezito não tinha escrito nenhuma epístola, Costa estava a conceber o programa do XX Governo Constitucional e, de repente, o meu olhar capta um título que quase me faz cair da cadeira: "Plutão está coberto por uma névoa".
Preciso explicar que tenho andado em tratamento na Oftalmologia e a minha visão não tem muita acuidade; e onde se lia névoa, eu li Nóvoa. Compreendem a angústia? O Nóvoa a cobrir Plutão! Só faltava essa.
Ainda faltam seis meses para as eleições presidenciais e o névoa, perdão, o Nóvoa já deu três voltas a Portugal e debitou cinco centenas de discursos inspirados e alguns milhões de vocábulos raros e escolhidos.
Imaginem o que seria uma personagem destas a cobrir Plutão. Coitado do Plutão.
.

ESPLANADA

.
.

O RISO DA HIENA

.

(Nesta fotografia, todos riem e só um chora)

Do blog "Delito de Opinião" transcreve-se a seguir—com a devida vénia—um texto de Luís Menezes Leitão publicado ontem com o título "O Sarilho do PS":

Há uma coisa que sempre admirei em António Costa: a sua enorme capacidade para ter boa imprensa. Era praticamente impossível algum líder do PS arranjar semelhante sarilho com as listas de deputados do seu partido, e com o seu candidato presidencial, e contar com um silêncio total na comunicação social. Imagine-se o que não se diria de António José Seguro se tivesse provocado uma confusão semelhante num partido que deveria estar totalmente unido nas vésperas do combate eleitoral mais importante dos próximos anos.

Os critérios de António Costa para compor as listas do seu partido são elucidativos. Diz que fez uma "renovação geracional", mas a mesma passa por chamar antigos líderes da JS, que obviamente hoje nada têm de jovens. Apresenta, no entanto, alguns professores universitários, cuja experiência política é absolutamente nenhuma, e dos quais nada se espera no parlamento, mas que servirão para dar uma imagem mais técnica a um partido cujas propostas políticas parecem muito pouco ponderadas. Mas o essencial é ajustar contas internas. Os seguristas sofreram uma razia total  de tal forma que nem a Presidente das Mulheres Socialistas consta das listas, o que já a levou a apresentar a sua demissão do cargo. Também António Galamba foi corrido das listas, o que o levou a escrever este artigo arrasador para António Costa.

Mas se António Costa procurou ajustar contas com os apoiantes de Seguro, curiosamente também não poupou os seus próprios apoiantes, os socráticos,  que foram o seu principal esteio para derrubar Seguro. Tenho vindo a defender que o derrube de Seguro foi uma estratégia conjunta de José Sócrates e António Costa, uma vez que o primeiro queria ser candidato presidencial, o que Seguro nunca permitiria. Mas mal Sócrates foi preso, nas vésperas do congresso que o deveria entronizar como candidato presidencial, Costa largou-o e agora pretende criar uma espécie de "chinese wall" em torno dos seus apoiantes. E chega ao ponto de criticar o governo de Sócrates,  esquecendo-se de que era o número 2 desse governo e que a recuperação do passado de Sócrates foi um dos pontos essenciais da sua candidatura à liderança.

A demonstração da confusão com que Costa encara as listas é também exemplificada no episódio Maria do Rosário Gama. Costa tem propostas eleitorais completamente absurdas, como delapidar 10% do Fundo de Estabilização da Segurança Social e baixar a TSU. Compreendendo que tal arrasaria definitivamente a Segurança Social, Maria do Rosário Gama opôs-se a essas propostas. Logo a seguir António Costa indicou-a, porém, publicamente como candidata a deputada, o que esta compreensivelmente rejeitou. Na verdade, passa pela cabeça de alguém com o mínimo de bom senso indicar como deputado quem não se revê no programa eleitoral do partido?

O outro ponto em que António Costa insiste num desastre total é o seu apoio a Sampaio da Nóvoa. Maria de Belém ainda não anunciou qualquer candidatura e já está nas sondagens à frente desse candidato que, mesmo que dê trinta vezes a volta a Portugal, não tem a mínima hipótese de ser eleito. Mas Maria de Belém foi presidente do PS nos tempos de Seguro, o que justifica que Costa continue a preferir Nóvoa , apenas para tapar o caminho à ala segurista do PS.


Está à vista que a única coisa que Costa conseguiu ao derrubar Seguro foi arranjar ao PS um sarilho monumental. Como já se está a ver e irá ver-se seguramente nas próximas eleições.
. ..

ILHA AZUL

.
.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

OS GRANDES VELEIROS

.
.