segunda-feira, 27 de julho de 2015

EM ITÁLICO

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Quando o Syriza ganhou o referendo na Grécia, os otários festejaram por aí: finalmente, o governo de Alexis Tsipras fazia um manguito à ‘austeridade’ com uma vigorosa lição democrática. No dia seguinte, o governo do manguito esticava o braço e já andava a pedir esmolas aos credores, aceitando a ‘austeridade’ toda. Os otários mudaram de ‘narrativa’. A capitulação da Grécia e a traição ao seu povo era culpa dos alemães, que pressionaram o imaculado governo Tsipras a engolir todos os sapos sob ameaça de uma saída do euro. Sabemos agora que, afinal, Tsipras andou a preparar nos bastidores essa saída do euro e um regresso ao dracma, com o apoio de Moscovo. Sem sucesso. Os otários portugueses, se tivessem vergonha na cara, recolhiam-se em meditação e não abriam o bico tão cedo sobre a ‘austeridade’ ou ‘os nazis’ dos alemães. Mas, por outro lado, se eles tivessem vergonha, dificilmente seriam os otários que são.

João Pereira Coutinho in "Correio da Manhã"
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