sábado, 24 de novembro de 2018

O GÉNERO E SUA ESCOLHA

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Em finais de Outubro, antes de apanhar um voo no aeroporto de San Diego, precisei de usar os lavabos. Na antiguidade, esta era uma actividade linear: uma pessoa entrava no compartimento dedicado ao seu sexo, fazia o que tinha a fazer e estava despachada. Felizmente, tais simplismos tendem a acabar. Em San Diego havia três compartimentos, um para senhoras, um para cavalheiros e um terceiro dedicado, passo a citar, a “todos os géneros”. E acrescentava o cartaz: “Qualquer um pode usar esta casa de banho, independentemente da identidade ou expressão de género”. O cartaz era ilustrado com quatro bonecos, o primeiro trazia saia, o segundo trazia calças (ou exibia-se nu, o grafismo não primava pela clareza), o terceiro trazia saia apenas numa perna e o quarto parecia uma criança, embora pudesse ser um anão. De repente, a actividade em questão perdeu a antiga espontaneidade e transformou-se numa escolha complicada. […]


Alberto Gonçalves in “Observador”
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