segunda-feira, 6 de junho de 2011

CALDEIRADA DE JORNAL

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Quando o eng. Sócrates garantia que o País não precisa de "aventuras", os cidadãos acharam que o homem tinha razão e, atentos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates afirmava a necessidade de um governo "responsável", os cidadãos concluíram que estava bem visto e, conscienciosos, votaram contra ele. Quando o eng. Sócrates defendia a importância de uma visão "realista", os cidadãos não duvidaram e, em conformidade, votaram contra ele. De desastre em desastre, o "invencível" eng. Sócrates das lendas terminou o seu reinado com a liberdade argumentativa de um detido pela polícia: tudo o que dissesse seria usado em seu prejuízo.

Alberto Gonçalves in “Diário de Notícias”

A direita terá beneficiado do desejo do eleitorado de castigar o Governo e "correr com Sócrates", mas também porque consegue entender-se para governar, ao passo que a esquerda não.

André Freire, idem

A consequência é que a dívida externa bruta total, que em 1978 estava em 41% do PIB e em 1983 em 90%, agora anda pelos 238%. Além disso a economia, que apesar dos choques nos anos 1970s e 1980s, tinha alto crescimento potencial, está estagnada há dez anos.

João César das Neves, ibidem

Foi bonita a festa. Falaram vencedores e vencidos. Não falaram os responsáveis pelas sondagens. Onde se terão metido eles? Nas últimas semanas, só havia ‘empates técnicos’. Ou, quando muito, uma vantagem de 4 ou 5 pontos do PSD sobre o PS.

João Pereira Coutinho in “Correio da Manhã”

"Não receia que a derrota eleitoral abra caminho a novos processos ou acelere outros em curso?"
A sala onde o PS lambia as feridas explodiu em apupos. Lamentável reacção de um partido a quem o País deve a democracia. Bem sei que não posso confundir o PS com um ruidoso naipe de labregos – mas não ouvi, pelo menos de Sócrates, uma palavra a mandá-los calar. Parece que se vai embora. Vá, senhor engenheiro, vá!

Manuel Catarino, idem

Em boa verdade, os portugueses cansaram-se do estilo, indignaram-se com a atitude e revoltaram-se contra esta forma arrogante, auto-suficiente e mentirosa de fazer política.

Marques Mendes, ibidem

Houve duas ou três coisas positivas: o facto de Pedro Passos Coelho ter dado uma abada a José Sócrates no sábado passado e o facto de ter tido a coragem de dizer ''se não ganhar vou-me embora''. Sócrates nunca o disse e se não tivesse perdido por tanto ainda ficava para nos tirar o sono nas próximas noites.

Manuel Villaverde Cabral in “i”

Sócrates nunca estudou bem o significado da palavra democracia. Perdeu porque achava que o Estado era ele. E com isso transformou o Governo e o PS em seres acéfalos, que apenas sobreviviam pela distribuição de pedaços de poder. Sócrates tornou Portugal recluso do FMI e da UE. Isso é impossível de esquecer. Como escreveu o Padre António Vieira: “Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles”.

Fernando Sobral in “Jornal de Negócios”

E Sócrates, apesar do seu destino imediato, andará por aí? Não subestimem o extraordinário actor que nos levou a este deserto com uma fé incompreensível e um sorriso nos lábios. Ainda há dias ele se lamentava, intuindo uma derrota humilhante: "São poucos os segundos de televisão a que um pobre político tem direito." Saberá mesmo ele viver sem esses míseros segundos?
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Miguel Coutinho in “Diário Económico”
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