.
.
.
.

A América é ainda a mais poderosa potência militar, mas tal não basta nos tempos que correm: veja-se o problema do Afeganistão, por exemplo. O poder militar só já não impõe qualquer posição no mundo. A decantada armada inglesa que subjugava o império em que o Sol nunca se punha ficaria hoje bem longe de o conseguir – só império de vinte e quatro horas à luz da vela de sebo e era um pau. A ordem mundial estabelecida pela política da canhoneira acabou.
As potências militares têm de impor-se por outras vias, em que a ética, a produção intelectual e sobretudo a economia, são pedras de toque. Sobretudo a economia. Não se percebe, contudo, se ainda vão a tempo perante o fenómeno das potências emergentes, Rússia, Brasil, China e Índia: a capacidade económica faz destas pólos de poder crescente, três dos quais na Ásia, que ameaçam a chamada “supremacia ocidental”. Tempo virá em que os netos dos nossos netos ficarão de óstio bucal escancarado ao ouvir que os Estados Unidos da América já foram o centro do mundo, de onde vinha a investigação científica, a inovação tecnológica, o grande jornalismo, o cinema, a exploração do espaço sideral, a música popular e não só, e muitas outras formas de cultura, incluindo a moda “de Paris”. Tão admirados como agora ficamos a ouvir coisa parecida do Egipto ou da Grécia.
O mundo não pára, os homens não param, as culturas não param, as civilizações não param, e a hegemonia também não tem sossego.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário