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Christopher Hitchens é um brilhante jornalista, membro activo da corrente neo-ateísta e autor do livro “Deus Não É Grande”. Conheço alguns escritos dele, e procurando na Net um desses textos, encontrei o artigo em que comenta a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Barack Obama, coisa que vale a pena ler. Para dar ideia do estilo de Hitchens, transcrevo o início. Começa assim:
Alfred Nobel tem uma estranha coisa em comum com Mark Twain, Ernest Hemingway e Marcus Gravey. Teve oportunidade de ler nos jornais a notícia da sua morte. Ficou tão deprimido com a ênfase dos obituários no trabalho pioneiro sobre a dinamite, que resolveu de imediato fazer o upgrade da notícia, criando um prémio para a paz internacional.
Mas, se prematura é a palavra para a revisão das notícias do seu próprio passamento, é também a mais polida para a atribuição do Prémio Nobel da Paz ao nosso 44º Presidente no primeiro ano do seu primeiro mandato.
Apesar de em fase adiantada na evolução de doença cancerosa, Hitchens participou ontem em Toronto num debate de 90 minutos sobre contribuição/prejuízo da religião versus sociedade, com Tony Blair, convertido não há muito tempo ao catolicismo. Blair foi um flop, ficando-se pela referência às obras religiosas de carácter humanitário, omitindo a quantidade de guerras e conflitos com motivação religiosa.
Hitchens foi brilhante, o que não significa necessariamente ter razão. Mas disse uma coisa que marcou o debate quanto a mim, qual foi esta: "Quando se aceita um criador e um plano, isso faz de nós protagonistas duma experimentação cruel".
Vale a pena reflectir sobre isto, mais ainda depois de outra afirmação citada neste blog há dias: "Se tivesse sido eu a criar o mundo, tinha feito as coisas de modo a que as espécies pudessem sobreviver sem se torturarem, ou destruírem mutuamente". Fica o tema.
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