domingo, 28 de novembro de 2010

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO EM DISCURSO DIRECTO

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O grande obstáculo à governabilidade é o primeiro-ministro. Seria vantajoso que o PS produzisse outra solução: não teríamos eleições antecipadas.



Há muitos sinais de perturbação dentro do PS e do grupo parlamentar que assistem a um delapidar do património ideológico do partido. Acredito que os dirigentes do PS não serão indiferentes a isto.


Fui uma das pessoas que, à direita, defendeu Sócrates quando assumiu funções porque tinha uma ideia interessante sobre o que deve ser Portugal.


Tinha uma visão que se revelou fantasiosa - um País moderno com Magalhães para todos e todos os meninos a falarem inglês. Teve um arranque interessante com uma ideia de País que quebrava com a nossa falta de ambição. Tem ‘punch' político, sabe muito pouco, mas absorve bem toda a informação.


Abriu muitas frentes, iniciou algumas reformas e foi sendo devorado pelo aparelho do PS. Liderou o Governo que mais pessoas impreparadas colocou na máquina do Estado. Deixou-se condicionar. Quando chegou a crise cometeu o erro de não a tratar como um desígnio nacional e preferiu aparecer como um vendedor de escovas - com soluções para tudo.


Sócrates parece uma pessoa perturbada, agarrado a objectivos que já não se podem alcançar. E em negação. Convence-se de que o que diz é verdade. E depois temos o Estado Social que acaba por cair por terra não pelos constrangimentos orçamentais, mas porque não houve trabalho de casa. A única excepção foi Correia de Campos na Saúde, que foi um excelente ministro.


(Sócrates não é aconselhável para o País) E temo pelo que nos espera, vamos ver epifenómenos que são novos.


Uma grande frustração, indiferença com a política, uma crise com fracturas profundas e muito ódio para com os políticos. A classe média criou falsas expectativas e vai haver um sentimento de revolta por ter sido enganada. Admito que haja contestação social inorgânica.


Se tivermos eleições antecipadas o PSD está muito bem posicionado para as ganhar e ele (Passos Coelho) está bem posicionado para ser primeiro-ministro. Mas o ideal era não termos eleições e o PS alargar a base de apoio do Governo, no Parlamento, com outro primeiro-ministro.


(Se houver eleições antecipadas) O que vão defender Passos Coelho e Paulo Portas aos portugueses? Vão explicar quantos furos mais precisamos de apertar? Que conversa se pode ter com um eleitorado num momento crispado? É indecoroso termos eleições.
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In "Diário Económico"
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