sábado, 8 de janeiro de 2011

CHEFE DE ESTADO A MANDO

.
.
.

O Presidente da República é o Chefe do Estado e, antes de tudo, deve ser equidistante de quanto cheire a corrente de opinião, facção, ou partido. Nem sequer lhe é permitido ser adepto declarado do Sporting, ou do Benfica. Assim mesmo.

A democracia instituiu o sistema em que o Estado é gerido por alguém escolhido por sufrágio universal dos cidadãos, o que é louvável, embora com dificuldades, como se vê com as trapalhadas do financiamento dos partidos: o princípio teórico é bom, mas a prática mostra debilidades assustadoras. No nosso sistema político os deputados só podem ser eleitos se integrarem a lista de um partido, onde começa a desvirtuar-se o princípio teórico da democracia. Mas foi agora aprovada uma lei em que os candidatos podem financiar o partido cujas listas integram, sem declararem de onde vêm os fundos para tal. Isto é, grupos económicos fortes podem forçar a eleição de deputados através de chorudos financiamentos concedidos por candidatos seus lacaios aos partidos. Como este, há muitos outros exemplos de debilidades do sistema, nosso e de outras nações. Dir-me-ão que são coisas inevitáveis e custos do regime e é verdade. Vão-se deitando remendos no método, hoje aqui, amanhã ali, fica sempre imperfeito, mas pode dizer-se que o regime é democrático embora, na melhor das hipóteses, tenda apenas para isso.

Mas alguém, no meio desta cangalhada, deve estar acima de suspeitas e ter condições para ser independente das pressões que, no mundo actual, são sobretudo económicas ou financeiras, ou as duas, e esse alguém devia ser o Chefe do Estado. Infelizmente, não tem tais condições. Olhe-se para a figura aqui em cima, tirada do jornal “Expresso” e logo se percebe de que estamos a falar.

O Chefe de Estado em Portugal, e em muitas outras nações, é um verbo de encher do ponto de vista da condução da política e, em boa verdade, deve ser mesmo assim. Chefe de Estado com poder é suspeito. Regimes presidenciais, embora aceitáveis nalguns casos, são tendencialmente maus. Regimes semi-presidenciais são uma anedota: nem carne, nem peixe, prontes. Por isso, a instituição monárquica moderna, do tipo da inglesa ou dos países nórdicos, é a melhor. Claro que, para aceitar tal ideia, é preciso afastar fantasmas de monarquias absolutas sinistras, do tipo das repúblicas populares e de muitas repúblicas africanas, mas isso é trabalho de educação que tem de ser feito pela comunicação social esclarecida e honesta. Não podemos esperar nada de jornalistas que dão 90% da atenção à compra e venda de acções de um candidato a Presidente e 10% aos aspectos que verdadeiramente interessam.

A República actual é o regime da demagogia, da doutrina popularucha, da exploração de sentimentos inferiores, do pé a fugir para o chinelo. Talqualmente.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário