quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

RECEBER OURO DO BANDIDO

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Falava eu ontem do BPN como âncora da campanha eleitoral e previa irmos ser bombardeados com a matéria até a consumação dos séculos, o que é o mesmo que até ao fim da campanha eleitoral, calvário interminável para quem não pode deixar de os ouvir. Ontem mesmo, o vate Alegre ficou na linha de fogo: em tempos idos e mais felizes, também colaborou com o bandido, incarnado no BPP, sob a forma de “uma produção literária”. Assim, tal e qual: “produção literária” usada pelo bandido na promoção dos seus roubos.

Dir-me-ão que isso não teve nada de ilegal, e talvez seja verdade. O negócio das acções de Cavaco, aparentemente, também não terá tido. O criticável na conduta de Cavaco, segundo Alegre, é ter feito negócios com o bandido. Mas com telhados de vidro, e anteriores relações envolvendo recebimento de uns tantos euros de outro bandido, em troca da sua veia, melhor seria ter ficado calado.

Nobre é o mais sensato - embora pouco - de todos os aspirantes a Presidente e já tinha avisado que nesta coisa de atirar pedras era melhor ter cuidado porque todos têm telhados de vidro. Ele lá sabe. É que, em política, o lançamento de labéus é fatal: com o prestígio arruinado e sem credibilidade na opinião pública, o político com labéu nunca mais se limpa, por maior que seja a razão que o assiste. Pode Alegre afirmar não conhecer a finalidade da “produção literária” vendida ao BPP, pode reclamar ter devolvido o dinheiro ao bandido, pode ir a Fátima de joelhos, mas de uma coisa não se livra: colaborou e recebeu prata do malvado. Tal basta ao Zé Povinho, na fase em que estão os políticos, para o crucificar.

E esse outro que defende Moura, ou defesa central Moura, patético patego ou pategão patagónio, também podia estar calado. Como não presta, ninguém está muito preocupado com ele. Mas foi autarca, classe muito bem vista na opinião pública pelos melhores motivos e, se não deixa os tiques de mosca de cavalo, um dia destes sai-lhe ao caminho alguma intrigalhada da Câmara Municipal de Viana do Castelo, justa ou não, e fica embrulhado em teia de que nunca mais se livra até ao dia do Juízo Final. É amador tenro de mais a brincar com profissionais da conspiração sórdida. São todos bons rapazes, mas é preciso cuidado com eles: o seguro morreu de velho.
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