Há alguma cópia de si, caro leitor deste texto? Uma pessoa que não é você,
que vive noutro planeta chamado Terra,
com montanhas, campos férteis e cidades em crescimento, num Sistema Solar com
oito planetas? Com uma vida idêntica à sua?
A ideia de tal personagem parece
estranha e implausível, mas temos de viver com ela porque é suportada por
observações astronómicas. O mais simples modelo cosmológico actual prevê que o
leitor tem um gémeo verdadeiro numa galáxia a 1028 metros de
distância, valor tão grande que está para além da Astronomia; mas que não faz o
seu duplo menos real.
A estimativa decorre do facto de haver número infinito de
planetas habitados, com gente como nós e seres exactamente iguais a si. Provavelmente,
nunca verá os seus iguais —literalmente— porque a maior
distância a que conseguimos "enxergar" é a percorrida pela luz desde o Big-Bang
— há 14 mil milhões de
anos — ou seja, 4X1026
metros.
O universo dos seus "sósias"
faz parte de universos paralelos, sendo cada um deles fracção da entidade a que chamaremos
multiverso. A noção de multiverso é do domínio da Metafísica, uma vez que a
linha separadora entre a Física e Metafísica é a possibilidade de testar a veracidade das teorias e, até agora,
tal não foi possível; o que não quer dizer que não venha a ser. A esfericidade
da Terra, os campos magnéticos invisíveis, a curvatura do espaço, ou os buracos
negros também já pertenceram ao foro da Metafísica.
Pôr em causa a infinidade do espaço
levanta grandes problemas teóricos. Por exemplo, onde acaba o espaço? Existe um
local onde está escrito "Fim do Espaço" — "Cuidado com o
degrau"? Não creio. Consequentemente, até prova em contrário, existem muitos
universos, múltiplos Portugais e um número infinito de Brunos de Carvalho!
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[Adaptado
de um texto de Max Tegmark, intitulado "Parallel Universes" ,
publicado no livro "Seeking the Multiverse" (Scientific American")].
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