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Ciência é o conjunto de conhecimentos adquiridos através da
prática de procedimentos de investigação com regras básicas que, no todo,
constituem o método científico. Não posso alarga-me sobre tais regras, mas
todas visam comprovar teorias explicativas de fenómenos observados, com margem
de erro nulo ou insignificante — por exemplo, que uma doença é provocada
por determinada bactéria, para falar de um caso simples. A certeza na verdade da teoria científica quase
nunca é total; mas quando há boas práticas, a margem de erro é mínima e, por
isso, é de elementar bom senso acreditar na ciência.
Contudo, nem sempre isso acontece. Por exemplo, as crenças de
que as vacinas matam crianças, que o homem nunca foi à Lua, ou que não descende
do macaco —
como ensinou Darwin — existem. Perguntar-se-á,
legitimamente, porquê isto?
Em primeiro lugar, diga-se que o fenómeno não tem nada a ver
com a inteligência ou cultura de quem pensa assim. A causa chama-se viés
cognitivo, situação provocada por crenças pessoais noutras convicções que são "atropeladas"
pela ciência. O caso mais flagrante,
porque extremo, é o do criacionismo de algumas religiões versus Teoria da Evolução de Darwin. É uma atitude relativamente rara
actualmente, mas serve de baliza para marcar um conjunto de situações, em que o
preconceito enviesa o raciocínio. Acontece com os defensores da produção de
energia em centrais nucleares, com os já referidos detractores das vacinas, com
os caçadores e pescadores de espécies em extinção, com os responsáveis por efluentes industriais tóxicos e por aí
fora.
O problema é agravado porque o enviesado cognitivo encontra
sempre estudos que lhe dão razão, sobretudo na Internet. Basta pesquisar no
Google para encontrar defensores de posições antagónicas sobre quase tudo. E, para quem é
vítima do viés, um só artigo a favor do seu ponto de vista — mesmo
inconclusivo — basta para contrapor a centenas doutros contra.
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