terça-feira, 24 de janeiro de 2017

VIÉS COGNITIVO

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Ciência é o conjunto de conhecimentos adquiridos através da prática de procedimentos de investigação com regras básicas que, no todo, constituem o método científico. Não posso alarga-me sobre tais regras, mas todas visam comprovar teorias explicativas de fenómenos observados, com margem de erro nulo ou insignificante — por exemplo, que uma doença é provocada por determinada bactéria, para falar de um caso simples.  A certeza na verdade da teoria científica quase nunca é total; mas quando há boas práticas, a margem de erro é mínima e, por isso, é de elementar bom senso acreditar na ciência.
Contudo, nem sempre isso acontece. Por exemplo, as crenças de que as vacinas matam crianças, que o homem nunca foi à Lua, ou que não descende do macaco — como ensinou Darwin — existem. Perguntar-se-á, legitimamente, porquê isto?
Em primeiro lugar, diga-se que o fenómeno não tem nada a ver com a inteligência ou cultura de quem pensa assim. A causa chama-se viés cognitivo, situação provocada por crenças pessoais noutras convicções que são "atropeladas" pela ciência. O caso mais flagrante, porque extremo, é o do criacionismo de algumas religiões versus Teoria da Evolução de Darwin. É uma atitude relativamente rara actualmente, mas serve de baliza para marcar um conjunto de situações, em que o preconceito enviesa o raciocínio. Acontece com os defensores da produção de energia em centrais nucleares, com os já referidos detractores das vacinas, com os caçadores e pescadores de espécies em extinção, com os responsáveis por efluentes industriais tóxicos e por aí fora. 
O problema é agravado porque o enviesado cognitivo encontra sempre estudos que lhe dão razão, sobretudo na Internet. Basta pesquisar no Google para encontrar defensores de posições antagónicas sobre quase tudo. E, para quem é vítima do viés, um só artigo a favor do seu ponto de vista mesmo inconclusivo basta para contrapor a centenas  doutros contra.

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