quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PRIMEIRO DE DEZEMBRO

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Na perspectiva histórica de um País com perto de 900 anos, o penoso caminhar numa crise comparável à vivida nos tempos da I República cujo centenário este ano faustosamente se comemorou, permite-nos retirar diversas conclusões.

Comecemos pela circunstância de a República, fundada pela força que derrubou um Regime Democrático, nunca, até aos nossos dias, haver sido legitimada pelo voto popular.

Significativo é, também, o facto de o regime republicano, nas suas várias expressões, não ter tido capacidade para resolver nenhum dos problemas de que acusava a Monarquia e o facto de que as Democracias mais desenvolvidas e estáveis da Europa serem Monarquias.

As nossas três Repúblicas do séc. XX nasceram de três golpes militares após os quais os governantes se lançaram a reorganizar a sociedade, com os resultados que agora estão à vista. [...]

[...] Com efeito, a expectativa inicial do projecto europeu que a generalidade dos membros abraçou e que se assumiu, na sua origem, como um projecto de cooperação entre Estados - com os mais ricos a ajudarem os mais pobres - corre o risco de passar, rapidamente, de miragem a tragédia, com os mais fortes a ditarem regras e a impor sanções aos mais vulneráveis. [...]

[...] Havendo tantas necessidades de apoio às populações seria desejável dinamizar as antigas tradições de voluntariado, recorrendo também aos serviços dos beneficiários de subsídios do Estado, como condição para receberem esses subsídios. Receber subsídios sem dar a sua contribuição para a sociedade equivale a receber esmolas, o que não é bom. [...]

[...] Deixo para os especialistas apontarem os factores da crise que nos fustiga, fazerem os diagnósticos acertados, apontarem as vias de solução. Mas não posso deixar de dizer que é urgente arrepiarmos o caminho que nos trouxe à gravíssima crise económica e financeira que atravessamos, como venho denunciando desde há anos. [...]

Estes são excertos da mensagem de D. Duarte de Bragança no dia da comemoração da independência de Portugal (pode ler e mensagen na íntegra, clicando aqui).

Curiosamente, as cerimónias comemorativas da restauração da independência de Portugal são bem mais modestas que os ritos de regozijo pela implantação da República em 5 de Outubro; talvez porque a Maçonaria, musa inspiradora republicana desde 1910, acha essa coisa da independência uma baforada monárquica. A infelicidade é que todos os ainda vivos nasceram, cresceram e envelheceram sob a influência dessa instituição mais ou menos sinistra, e apesar dela. E, sendo como o monóxido de carbono, que mata sem se ver, sentir, ou palpar, vivemos com ela como vivemos com a traça, mas devíamos tomar mais cuidado.
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