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Já falei da minha suspeição sobre a ciência da Economia, que me parece tão somente coisa de palpites. Mete leis universais, leis gerais, leis regionais, leis celestiais, cálculo algébrico, equações do terceiro grau, integrais, geometria cartesiana, iluminação divina e doses maciças de inspiração. A bem dizer, é quase mesmo só inspiração. As famosas agências de rating davam a mais alta classificação ao Lehman Brothers, o célebre triple A, minutos antes de ele ter rebentado como uma castanha no fogareiro e precipitado a maior crise financeira do século. Mas há quem tenha fé nas previsões dos crânios macro-economistas. E quem os cite com respeito. E quem oriente a vida pela opinião deles. E quem fique arruinado com tal opinião.
Uma coisa tenho por certa: os economistas levam-se a sério. Caso contrário, já tinham calado a boca, limitando-se a estudar se é mais lucrativo vender fiado ou a pronto, ou se o melhor negócio é a sardinha assada, com os seus ciclos sazonais, ou o carapau com molho à espanhola, com clientela perene.
Vem isto a propósito de um senhor chamado Noriel Roubini que disse esta coisa ternurenta: “A probabilidade de a Grécia ou Portugal saírem da zona euro é de 30%". Mais nada! E perguntamos nós: e 35%? Ou: e 45%? Não pode; segundo o Senhor Roubini, são exactamente 30%, prontes!
Não sou economista, não sou analista, nem sequer contabilista. Mas tenho um palpite, do tipo dos do Senhor Roubini, de que a probabilidade é bem maior: para falar verdade, acho mesmo que a probabilidade é de 100%. Nunca consegui imaginar que Portugal fosse capaz de viver com a mesma moeda da Alemanha, da França, ou da Dinamarca. Porquê, perguntará quem me lê. Pois a esses digo que, tal como o Senhor Roubini, tenho um palpite: o de que Portugal não é capaz de construir uma economia para ter a mesma moeda desses países. Voilá!
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