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Em 1986, Freitas do Amaral candidatou-se à Presidência da República, contra Mário Soares, apoiado pelo PSD e pelo CDS: teve 48,8% dos votos, perdeu. Ficou com uma dívida substancial correspondente às despesas da campanha eleitoral e os dois partidos que o apoiaram deram alguma coisa, mas não o suficiente para regularizar as contas. Pagou o resto do seu bolso, pontualmente.
Agora, Manuel Alegre, apoiado pelo BE e pelo PS, também perdeu nas últimas eleições contra Cavaco Silva e, dizem os jornais, a receita para a campanha foi escassa e as despesas muitas. Em resumo, está encravado, sem dinheiro e muitas dívidas para pagar. O título no jornal é “Alegre falido. PS e BE não pagam prejuízo de milhares de euros das presidenciais.”
E agora? Agora os responsáveis pela campanha tentam angariar mais verba de donativos para pagar os calotes. Alegre foi um bluff desde o princípio. Como escrevia ontem Alberto Gonçalves, no seu estilo contundente e cruel, foi um expoente da retórica oca. O poeta já tem idade para não perceber que o tempo passou e o seu estilo já ninguém compra. Por isso, não é responsável pela completa calamidade que foi a campanha e o resultado. Mas o círculo que o meteu naquilo tem culpa. É gente que, na impossibilidade de reparar outros danos, tinha no mínimo obrigação de reparar o descalabro financeiro. Mas não paga porque é tudo boa rapaziada.
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