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A educação é um factor determinante no valor do ordenado pago a cada trabalhador ou no rendimento da actividade profissional – um dos mais importantes – mas menos importante do que muita gente pensa. Se todos tivessem a mesma educação, as diferenças actuais seriam reduzidas menos de 10%. Custa a creditar mas é Daniel Kahneman, professor de Psicologia na Universidade de Princeton e vencedor do Prémio Nobel de Ciências Económicas em 2002 pelo trabalho sobre investigação psicológica em ciência económica, que o diz e escreve. Quando nos focamos na educação esquecemos uma multidão de outros factores que condicionam o vencimento. As diferenças entre pessoas com a mesma educação são enormes.
Por outro lado, Kahneman diz que o rendimento é importante para o grau de satisfação individual, mas também menos importante do que se julga. Com rendimento igual para todos, as diferenças na satisfação seriam reduzidas em menos de 5%. Em média, altos rendimentos melhoram o humor, mas a diferença para os rendimentos mais baixos é cerca de 1/3 menor do que imaginamos. A felicidade, segundo Kahneman, depende de outros factores, mais do que do ordenado ou equivalente.
Os paraplégicos são infelizes, mas não são permanentemente infelizes porque passam a maior parte do tempo a pensar noutras coisas. Quando imaginamos um paraplégico, um cego, ou um vencedor da lotaria, focamos aspectos da situação e enganámo-nos porque é diferente pensar numa situação e viver essa mesma situação.
O marketing explora este fenómeno: quando somos levados a acreditar que é bom ter qualquer coisa, isso leva-nos a exagerar muito a diferença que essa coisa fará na qualidade de vida. Os políticos são especialistas neste marketing, acrescenta Kahnemer. O povo pode ser induzido a acreditar que os uniformes escolares melhoram os resultados da educação, ou que as reformas no serviço de saúde mudam muito a qualidade de vida nos Estados Unidos. Segundo o investigador, a reforma dos cuidados de saúde fará diferença; mas essa diferença será bem menor do que parece quando se imagina.
Em síntese, digo eu, o foco da mente num aspecto particular engana sobre a importância desse aspecto. É perfeita a forma como o psicólogo resume isto: pensar numa situação e viver essa situação são coisas diferentes. Voilá!
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