Leio no jornal que o Zezito possuía quadros de Batarda,
Almada, Pomar, Silva Porto, etc., e que esses quadros vieram a aparecer na casa
da empregada doméstica da senhora sua mãe. Até aqui, ainda não aconteceu nada.
O problema é que Zezito não sabe explicar como eles foram ali parar.
É de admitir que os tenha oferecido à dita empregada,
eventual apreciadora e coleccionadora de arte, e que, no meio do desprendimento
em que vivia com coisas materiais, já se tenha esquecido que os adquiriu para
oferta. Aliás, a acusação diz que quem os comprou foi o seu amigo do peito
Santos Silva e eu acredito. O amigo não queria que lhe faltasse nada, nem
sequer o gosto de presentear uma servente de sua mãe que adorava arte,
especialmente Almada e Batarda.
Por estranha coincidência, também o computador onde estava guardado um contrato fictício de arrendamento do andar em Paris desapareceu da
sua casa em Lisboa e foi encontrado numa outra habitação desabitada do mesmo
prédio. Neste caso, o Ministério Público suspeitou que o computador tivesse ido
pelo próprio pé, a fim de se instalar num espaço mais desafogado, mas Zezito,
pensando bem, lembrou-se que foi sua mãe que pediu à empregada para o levar. Contudo,
de forma alguma para esconder provas. O Procurador também não estava a pensar
nisso e até se sentiu melhor com a explicação, pois essa coisa de computadores
a andar pelo próprio pé estava a tirar-lhe o sono.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário