A crónica de Paulo Baldaia no "Diário de Notícias"
de hoje termina assim: "A Europa de um por todos e todos por um pode estar
a transformar-se na Europa de cada um por si". Baldaia é um jornalista que
tenho na conta de isento, sensato e bom observador, mas hoje desiludiu-me. Pelo
citado, Baldaia acreditava na Europa de um por todos e todos por um, mito que
só cabe na cabeça de insensatos do jaez do Dr. Soares e equiparados.
No passado dia 10, a propósito do Dia de Portugal, de
Camões e das Comunidades Portuguesas, citei Jared Boyles quando escrevia coisas como "O nacionalismo é um ideal
divisionista"; "Todas as ciências que estudam a interacção
humana conhecem o que se chama viés grupal"; "O patriotismo Inicia guerras e
anula os visionários"; rebabá.
A União Europeia é
um projecto que, para eficaz concretização, exige a minimização do nacionalismo
a dimensões que levam séculos a atingir. Na actual conjuntura política e social,
tal projecto é um mito—como se comprova pela autópsia.
É totalmente claro que
ninguém se candidata a membro da comunidade europeia a pensar em ajudar seja
quem for. Do mais rico e poderoso, ao mais pelintra e fraco, todos vão tratar da
vidinha em primeiro lugar, ver o que podem lucrar com a qualidade de sócios
daquele clube. O resto é retórica de encher chouriços.
Nem a Grécia e
Portugal aderiram à UE para ajudar fosse quem fosse, nem a Alemanha, a França,
a Holanda e os outros países ricos. Foram todos com a secreta esperança de
sacar. Por força das circunstâncias, como era de prever e ironicamente, até
agora foram os ricos a sacar e os pobres a serem sacados.
A única nação consciente
de que a UE é uma fífia é o Reino Unido, desde o principio com um pé dentro e
outro fora e, não tardará muito, com os dois outra vez fora. Inglês não é
burro, embora pareça.
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