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Provavelmente, como o papagaio do vídeo, já falou muitas vezes da rapidez com que o
tempo passa, do tempo que qualquer obra gasta, da falta de tempo, ou do correr
do tempo, afirmando implicitamente que o tempo tem movimento. Mas o tempo é uma
realidade estática—não anda, não pára, não corre. É possível que nem sequer
exista. É uma criação da mente humana, um contexto onde metemos tudo o que acontece
e até o que não acontece. Um viés mental de que dificilmente nos apercebemos.
Já se lembrou que o tempo em que está a ler esta pessegada é exactamente o
mesmo do patego que está agora a cortar as unhas dos pés em Sidney, na
Austrália, e do Nóvoa que concebe mais uma jóia oratória? Os factos ocorrem e
sucedem-se, mais nada.
Julian Barbour, céptico do tempo, escreveu um livro
chamado The End of Time onde afirma, preto no branco, que o tempo não
existe. Tudo que há, diz, são momentos sucessivos como as páginas duma agenda.
Nada os liga a não ser a ilusão criada por nós a que chamamos tempo. O tempo é uma
muleta mental de adaptação à realidade que não percebemos, nem bem nem mal—não
percebemos, tout court. Os factos ocorrem e movem-se mas o tempo está parado.
Será?
Não interessa isso. Veja o vídeo que é bem interessante, embora demasiado rápido. Pode ler apenas as legendas—o que é suficiente—ou pará-lo para ver as imagens. E, quanto ao tempo existir ou não, cague nisso.
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