Fala-se actualmente, talvez mais que nunca, em
biodiversidade e extinção de espécies, referindo fenómenos como o dos
elefantes, do lince ibérico, das baleias, de variadíssimas espécies de peixes e
por aí fora. Diz-se mesmo que vivemos a Sexta Extinção, com eventual início há
10 mil anos, no fim da Época do Pleistoceno. Todos os dias somos bombardeados
com críticas ao comportamento humano—sendo que ao homem é atribuída a rara
capacidade de modificar parte do universo, ainda que pequena—e ameaças do fim
do mundo.
Já percebi que, em relação à extinção de espécies, há três
perguntas que enfurecem os doutrinadores ambientalistas contemporâneos: i) Porque
lutar contra as extinções? ii) Não são as extinções mecanismos da evolução para
seleccionar os mais aptos? iii) Lutar contra elas não é proibir a evolução e
impedir a vinda de seres mais adaptados ao meio em mutação constante?
Não sou insensível a tal ponto de vista. Darwin, na sua
obra clássica, "A Origem das Espécies", escreveu: (1) A extinção de
espécies ocorreu continuamente em toda a história da vida, primeiro localmente
e depois em todo o planeta. A extinção das espécies é geralmente mais lenta
que a sua produção. (2) O desaparecimento súbito de muitas espécies, agora
chamado extinção em massa, nunca ocorreu. (3) A extinção—usualmente, embora nem
sempre—é resultado de incapacidade de competir com outras espécies. A causa é biológica,
não física. (4) A extinção está fortemente ligada ao processo da selecção
natural, sendo por isso um componente importante nesse processo.
Chegado aqui, estou impedido de dizer—como faço às vezes—que
ainda não aconteceu nada. Já aconteceu perceber-se que Darwin, se fosse vivo,
não seria considerado politicamente correcto, talvez até impedido de publicar o
que quer que fosse na "Nature", ou na "Science",
eventualmente considerado pelos ambientalistas de serviço uma besta quadrada.
Há actualmente—pensando bem, talvez houvesse sempre—"modas"
científicas que apaixonam muitos bem intencionados, alguns mal informados e uns
tantos interessados. É cada vez mais complicado para artolas como eu distinguir
o que tem ponta por onde se pegue e o que é simples bosta de vaca. Certas "cruzadas
científicas" tornam-se tão chatas pelo exagero da insistência que o cidadão,
às tantas, já não pode atender os cruzados—nem vê-los! E quando os factos
mostram que estavam a jogar só com um par de duques, mudam a agulha e arranjam
outra. São piores que o Deus me livre!
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