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Em 11 de Novembro de 2014, incluí neste espaço um escrito com o título
"Só Água II", nos seguintes termos:
Publiquei
há dias um post intitulado "Só Água" em que falava da homeopatia a respeito do artigo sobre a matéria do
professor Carlos Fiolhais no jornal "Público". Hoje tive conhecimento
que esse artigo foi violentamente criticado pelo doutor Paulo Varela Gomes,
professor no departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra, segundo
julgo.
Varela
Gomes sofre de cancro na garganta há dois anos e meio e, tanto quanto se
percebe da sua carta, sendo o tumor inoperável, decidiu tratar-se com métodos
homeopáticos e diz sentir-se bem.
Por
respeito a um doente com a doença em causa, não vou fazer mais comentários
sobre a sua situação clínica. Mas gostaria de salientar que a ciência não se
constrói com a observação de casos isolados. Se o professor Varela Gomes está
melhor, ou curado, tal é motivo de satisfação para todos. Mas—primeiro—gostaria de lembrar que os tumores malignos podem ter
comportamento inesperado e, nalguns casos de cura, esta deve-se à natureza, não
ao tratamento. E—segundo e mais
importante—que cartas como a do professor
Varela Gomes servem para incentivar comportamentos lamentáveis de outros
doentes que poderiam ser tratados correctamente com sucesso e, infelizmente, optam
por métodos sem base científica, como a homeopatia e similares, e têm evolução
funesta.
Uma
coisa é o domínio da emoção; outra, a ciência, emocionalmente neutra e com
métodos exigentes de valorização da doutrina.
Hoje,
o colega Pedro Masson fez-me chegar um texto—de grande qualidade, impressionante
pela coragem que revela e comovente pelo
drama que envolve—do professor Varela Gomes, onde descreve a sua situação,
aparentemente terminal. Dada a delicadeza da matéria, não vou alongar-me em
comentários, aliás óbvios. Mas não posso deixar de repetir o alerta que então escrevi:
[...] cartas como a do professor Varela Gomes servem para incentivar
comportamentos lamentáveis de outros doentes que poderiam ser tratados
correctamente com sucesso e, infelizmente, optam por métodos sem base
científica, como a homeopatia e similares, e têm evolução funesta.
Ao
professor Varela Gomes desejo que possa continuar a enfrentar com a coragem até
agora revelada a fragilidade do organismo que lhe alimenta o espírito.
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