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Por razões que não
interessam, nunca "fui à bola" com Jorge Sampaio. Independentemente doutras
razões, sempre achei Sampaio presumido e auto-sobrevalorizado para uma pessoa
com encéfalo confuso, profuso, obtuso e
outros adjectivos a rimar com parafuso, como jerimunzeiro e gringonceiro. Sampaio
é prolixo, difuso, cafuso, efuso — embora ninguém veja o que efundiu — e passa
por ser um génio, mas só se vê nele mau génio. Como o Dantas, não precisava de
ir para o Rocio para ser um pantomineiro — bastava-lhe ser pantomineiro —
Sampaio também não precisa de ir ao Rocio para ser um bluff.
Toda esta conversa nasce, brota,
decorre, eflui, para usar um estilo consonante com a conversa de Sampaio, da
leitura do artigo de Diniz de Abreu no semanário
Sol de 15 do corrente, em que diz, entre outras coisas mais importantes, que Sampaio foi infeliz em várias passagens do que já veio a público do 2.º
volume da sua história de vida, cuja editora, para assegurar tão ciclópica
tarefa, precisou do apoio de uma ‘bolsa’ financiada por várias instituições e empresas, com valores que
ficaram sigilosos, vá lá perceber-se porquê. Fica-se, isso sim — digo eu —, a
pensar que comentário de Sampaio mereceria este facto, fosse ele protagonizado por
um qualquer adversário político. Mas isso não interessa agora porque, do que
Diniz de Abreu diz, interessa a relação de Sampaio com Macau e com o governador de então, general
Rocha Vieira.
Escreve Diniz
de Abreu: Se na
política interna os rancores de Sampaio – em contraste com a fleuma que gosta
de cultivar – se exprimiram por um inacreditável «fartei-me do Santana como primeiro-ministro», já na ‘frente macaense’ o antigo chefe do Estado destila um ressentimento vesgo sobre a personalidade do último governador responsável pela administração portuguesa de Macau.
Fica-lhe mal.
Sampaio convenceu-se – ou convenceram-no – de que Rocha
Vieira estaria a ‘glorificar-se’ em Macau para se lhe opor como candidato presidencial.
E a hipótese perturbou-o, temendo que ensombrasse a desejada entronização num
segundo mandato em Belém. E nunca mais arredou pé dessa ideia, cavando
divergências com o governador – ao mesmo tempo que mantinha na ‘reserva’ um
conselheiro e seu grande amigo, o advogado Magalhães e Silva (que há muito
sonhava com o lugar, após uma passagem pelo executivo local).
Sucede que nem Sampaio teve coragem para substituir
Rocha Vieira, nem Magalhães e Silva se resignou à perda da oportunidade histórica.
E ambos elegeram Rocha Vieira como uma espécie de ‘inimigo de estimação’.
A crónica do que se passou a seguir não foi edificante.
Sampaio adiou por tempo escandaloso a condecoração devida a Rocha Vieira e quis
entregá-la sem dar nas vistas.
Quando o assunto parecia arrumado, eis que Sampaio aproveitou o
livro para confessar que «nunca gostei de Macau» e sublinhar a sua acrimónia com esta pérola: «Em 500 anos nem ao menos conseguimos ensinar português e ficámos com a fama de tipos
que foram para lá enriquecer».
Diz mais a
crónica que pode ler na íntegra aqui, porque vale a pena. Quem vê chorinhas na
TV, não vê corações! — é bem verdade!
PS - A parte da
prosa que é transcrita de Diniz de Abreu vai em itálico e a cor vermelha para que
fique bem identificada. O azul é meu.
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