Li hoje um texto que, no estado de ignorância
em que vivo em relação aos clássicos — sempre vivi — me fez cair de cauda. É
sobre Lucius Annaeus Seneca, escrito por um senhor chamado Massimo Pigliucci.
Começa por lembrar quem esqueceu e informar quem não sabe que
Seneca foi senador romano no tempo de Nero, de quem era conselheiro, procurando
conduzi-lo a vida digna, embora no fim Nero o tenha convidado ao suicídio, o
que acatou e fez com dignidade.
Seneca foi autor de muitas obras sobre temas de ética e, perto
do fim, escreveu uma série de cartas filosóficas, uma das quais — número 92 — se
intitulava "Sobre a Vida Feliz",
com sete pontos que passo a expor.
I) Olharei a minha morte, ou uma comédia,
com o mesmo sentido de contenção.
II) Valorizarei as riquezas, se as
tiver, da mesma forma que quando as não tenho.
III) Verei todas as terras como sendo
minhas e as minhas como sendo de toda a Humanidade.
IV) Não acumularei avidamente o que quer
que tenha nem o delapidarei imprudentemente.
V) Nada farei por influência da opinião
pública, mas tudo por imposição da minha consciência.
VI) Serei agradável com os amigos,
gentil e amável com os inimigos: perdoarei antes que mo peçam e acatarei metade
do que exigem os importantes e poderosos.
VII) Quando a Natureza quiser que pare
de respirar, ou a razão me diga para o fazer, deixo a vida chamando todos para
testemunhar que amei a boa consciência e os bons propósitos.
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