quinta-feira, 27 de abril de 2017

SOBRE A VIDA FELIZ

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Li hoje um texto que, no estado de ignorância em que vivo em relação aos clássicos — sempre vivi — me fez cair de cauda. É sobre Lucius Annaeus Seneca, escrito por um senhor chamado Massimo Pigliucci.
Começa por lembrar quem esqueceu e informar quem não sabe que Seneca foi senador romano no tempo de Nero, de quem era conselheiro, procurando conduzi-lo a vida digna, embora no fim Nero o tenha convidado ao suicídio, o que acatou e fez com dignidade.
Seneca foi autor de muitas obras sobre temas de ética e, perto do fim, escreveu uma série de cartas filosóficas, uma das quais — número 92 — se intitulava  "Sobre a Vida Feliz", com sete pontos que passo a expor.

I) Olharei a minha morte, ou uma comédia, com o mesmo sentido de contenção.

II) Valorizarei as riquezas, se as tiver, da mesma forma que quando as não tenho.

III) Verei todas as terras como sendo minhas e as minhas como sendo de toda a Humanidade.

IV) Não acumularei avidamente o que quer que tenha nem o delapidarei  imprudentemente.

V) Nada farei por influência da opinião pública, mas tudo por imposição da minha consciência.

VI) Serei agradável com os amigos, gentil e amável com os inimigos: perdoarei antes que mo peçam e acatarei metade do que exigem os importantes e poderosos.

VII) Quando a Natureza quiser que pare de respirar, ou a razão me diga para o fazer, deixo a vida chamando todos para testemunhar que amei a boa consciência e os bons propósitos.

Se não fosse a tradução, a peça estava notável. É, mas não está. Infelizmente, começou em Latim, passou pelo Inglês — pelo menos — e vem agora em Português por obra minha. É demais. Nem Seneca resiste a tal.
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