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Os aceleradores de partículas são enormes laboratórios onde físicos curiosos lançam partículas a velocidades enormes, mais que a de Marcelo, quase igual à da luz, em sentidos opostos. De vez em quando, põem umas na contra-mão e o choque é inevitável — o Código da Estrada não lhes interessa. Querem é saber o resultado das colisões, ou seja, que tipo de "cacos" resultam, pois esses "cacos" são seguramente constituintes das partículas acidentadas, constituintes que não conhecem e pretendem conhecer. Há quem tenha outras curiosidades, mas a deles é esta!
As partículas usadas não são sempre as mesmas, mas as mais utilizadas — segundo penso — são os protões, residentes habituais nos núcleos atómicos. O maior acelerador de partículas do mundo, como se sabe, é o do CERN, localizado perto de Genebra e da fronteira da Suíça com a França. Está 175 metros abaixo do nível do solo e tem 27 km de comprimento. Foi lá descoberta a "partícula de Deus", ou bosão de Higgs, não há muito tempo.
Protões a circular quase à velocidade da luz, como se pode antecipar, são um perigo; em boa verdade, um perigo teórico porque nunca ninguém meteu a cabeça lá dentro com a geringonça a funcionar — pelo menos deliberadamente e já explico porque digo isto.
Os protões até são usados na Medicina para destruir tumores, por exemplo. mas a energia desses protões é inferior a 250 milhões de electrovolts (não interessa o que é o electrovolt) e a energia dos protões nos aceleradores de partículas é da ordem dos 76 mil milhões de electrovolts! Um perigo com risco calculado versus vantagem para a investigação científica.
Infelizmente, no dia 13 de Julho de 1978, o físico soviético Anatoli Bugorski meteu a cabeça no acelerador de partículas U-70 Synchroton, o maior da União Soviética, e devido a uma falha na segurança, um feixe de protões "atravessou-lhe" a cabeça, quase à velocidade da luz. Nunca um ser humano se tinha exposto a tal coisa. E embora um neuro-cientista chamado Ramachandran tenha dito um dia — com mau gosto neste caso — que um porco a falar não prova que os porcos possam falar, a verdade é que o pobre Bugorski não se deu bem com electrões "Fórmula 1". Passados 39 anos, está vivo , mas tem metade da face paralisada, está surdo de um ouvido, e já teve seis episódios de convulsões tónico-clónicas, como observadas em doentes com grande-mal epiléptico, e crises de ausência, do tipo do pequeno-mal epiléptico. Mas intelectualmente está bem, fez entretanto um doutoramento — não sobre azar, mas sobre Física de partículas — e, sobretudo, ainda não teve um cancro. Alguma coisa tinha que correr bem, embora nestas situações, habitualmente, se as coisas podem correr mal, correm mal!Os protões até são usados na Medicina para destruir tumores, por exemplo. mas a energia desses protões é inferior a 250 milhões de electrovolts (não interessa o que é o electrovolt) e a energia dos protões nos aceleradores de partículas é da ordem dos 76 mil milhões de electrovolts! Um perigo com risco calculado versus vantagem para a investigação científica.
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