David Deutsch é
físico, professor na Universidade de Oxford e autor de um ensaio publicado no AEON Magazine com o título
"Creative Blocks". É uma peça de difícil leitura para quem não é
especialista em Física, como é o meu caso e, provavelmente, daqueles poucos que
me lêem. Mas começa muito bem, antes de entrar em pormenores científicos e, só
esse início, já dá que pensar. Diz assim:
É incontroverso
que o cérebro humano tem capacidades que são, nalguns aspectos, superiores às
de qualquer outro objecto existente no mundo. É o único capaz de perceber que o
cosmo existe, ou porque há um número infinito de números primos, que as maçãs
caem devido à curvatura do espaço/tempo, que obedecer aos instintos naturais
pode ser moralmente errado, ou até de que ele — cérebro — existe. Em termos
físicos, é a única geringonça capaz de ir ao espaço e voltar sã e salva, de
prever o impacto de um meteorito na casa onde mora, de arrefecer objectos até
temperaturas de apenas milionésimos de grau acima do zero absoluto, ou de
procurar seres semelhantes a distâncias galácticas.
Mas, a verdade
é que, no meio de tanta inteligência, nenhum cérebro humano é capaz de perceber como
é que o cérebro humano é capaz de fazer tais coisas. Toda a tentativa de
conseguir o mesmo artificialmente — a ‘artificial general intelligence’, ou AGI
—, ao longo de 60 anos de existência, pariu um rato; ou melhor, um ratinho!
Porquê? Porque
como disse um sábio (Mark Twain?), ‘it ain’t what we don’t know that causes
trouble, it’s what we know for sure that just ain’t so’, o que traduzido livremente,
é qualquer coisa como "não é o que não sabemos que nos atrapalha, é o que julgamos
saber estando errados. E, esta coisa do nosso encéfalo tentar perceber como ele
próprio funciona, é tão complicado como a quadratura da bola que só Jorge Jeus
sabe fazer mas não tem tempo para tais "parmenores".
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