Esta manhã, enquanto fazia
uns quilómetros (poucos!) na passadeira do ginásio, tive na minha frente um
monitor de televisão onde uma madame "deitava"
as cartas de Tarot, falava, falava,
falava e, felizmente, eu não ouvia nada.
Ligo o computador à
tarde e "tropeço" num ensaio de James McConnachie, jornalista
britânico, sobre o Tarot. Fiquei sem
saber se era sorte ou azar; mesmo assim, li. É uma peça de mais de 4.000 palavras, mas a
maioria é "palha". E o que diz? Conta muita história e fala da
credibilidade da coisa, o mais importante.
Em matéria de história
chega dizer que as cartas de Tarot terão surgido no antigo Egipto — na boa tradição ocultista, ainda
hoje viva nas ciganas que lêem a sina e são originárias de lá — caíram depois praticamente
em desuso e só "rejuvenesceram" na Paris de 1781, com a França repleta de
sociedades secretas e clubes privados de reputação duvidosa.
O uso das cartas para
prever o futuro integra uma prática obscurantista em que se incluíam outras
modalidades, nomeadamente a bibliomância,
costume que consistia em abrir a Bíblia de forma aleatória e interpretar, na
perspectiva do futuro — não sei se próximo ou longínquo — o primeiro trecho que
caía sob o olhar. Uma pantominice!
Em resumo, ler as cartas
de Tarot é recitar um discurso feito que não aquece nem arrefece, adaptável — a posteriori — a todas as circunstâncias.
E funciona como forma de psicoterapia porque nunca é claramente pessimista,
ficando-se por advertências profilácticas para situações adversas, cuja não
observância correcta justificará os fracassos
dalguma previsão. Sobretudo, o que faz falta é animar a malta, ou "inocular"
na "vítima" dose estupidamente cavalar de esperança, o que não é
difícil, dado o estado psicológico de uma alma que recorre às leituras do Tarot, capaz de acreditar até em
promessas de Bruno de Carvalho!
E, mostra a experiência,
as antevisões falhadas são rapidamente esquecidas e toleradas, enquanto as
acertadas são hipervalorizadas — um negócio seguro.
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