A
confiança é mais vezes fruto da ignorância que do conhecimento.
Charles Darwin in The Descent of Man (1871)
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Como é do conhecimento geral, o sumo de limão diluído em água dá
para improvisar "tinta invisível". Depois de escrever com tal mistela
e deixar secar, não se vê nada no papel, a menos que este seja aquecido, por
exemplo, com a chama duma vela, sem o queimar — ponto.
Em 1995, um "crânio" de Pittsburgh, EUA, de seu nome McArthur
Wheeler, assaltou dois bancos em plena luz do dia, com a cara destapada, fazendo
questão de sorrir em frente das câmaras de vigilância antes de sair. Preso umas
horas depois e confrontado com os filmes dos assaltos, exclamou surpreendido:
mas eu usei sumo de limão na cara!
Este é um exemplo padrão do "burro encartado", "calhau
com olhos", "do que seria um Stradivarius
se a estupidez fosse música" e por aí fora.
Todos conhecemos o espécimen,
estamos habituados, alguns estão no Governo, outros no Parlamento e, em face
disso, perguntar-se-á a que propósito vem a conversa. Naturalmente, não vou
falar de Jerónimo, ou das políticas patrióticas de esquerda, nem de Carlos
César. Vou falar de David Dunning, da Universidade de Cornell, EUA, e do seu
colaborador Justin Kruger, doravante referidos como Dunning/Kruger.
Dunning/Kruger fizeram vários estudos do que chamaram
"confiança ilusória", que habita no crânio de quase todo o mundo —
até no dos pessimistas — em percentagem variada, naturalmente. O interessante e
original fruto do trabalho é que a "confiança ilusória" é tanto maior,
quanto maior é a "burrice" do confiante, seja qual for o método de
medir essa "burrice": aproveitamento escolar, competência
profissional, progressão numa carreira, etc. — nunca falha.
Portanto, e esta é a "moralidade" da história de Dunning/Kruger, cuidado
com gente que sabe tudo, facilmente identificada porque, em regra, fala
muito. O calado é o melhor — Vox populi
vox Dei — e não há nada "como realmente. Fica o aviso.
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